Globo censura sexta cena LGBTQIAPN+ em um mês

A rede Globo censurou mais um beijo entre pessoas do mesmo sexo. Depois de evitar três vezes os beijos de Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman) em “Vai na Fé”, outro […]

Divulgação/Globo

A rede Globo censurou mais um beijo entre pessoas do mesmo sexo. Depois de evitar três vezes os beijos de Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman) em “Vai na Fé”, outro casal LGBTQIAPN+ teve cenas de afeto cortadas no capítulo deste sábado (3/6) da novela das sete. A decisão foi criticada pelo público nas redes sociais. “Cortou de novo?”, questionou um internauta.

Nos roteiros entregues aos atores, havia a indicação explícita de um beijo entre Vini (Guthierry Sotero) e Yuri (Jean Paulo Campos): “No alívio, os dois se encaram. Rola um clima. Yuri, mais tentado que nervoso, dá um selinho em Vini”.

Entretanto, a Globo optou por apenas deixar o beijo apenas subentendido. Mesmo sem mostrar o beijo, a troca de afeto foi registrada por uma fala do personagem de Guthierry Sotero. “Por que tu tem vergonha de beijar um cara?”, questionou o rapaz.

Além dos quatro beijos em “Vai na Fé”, duas sequências amorosas entre as personagens de Camila Pitanga (“Velho Chico”) e Elisa Volpatto (“Bom Dia, Verônica”) em “Aruanas” também foram censuradas pela emissora. Enquanto a novela das sete tem um público evangélico e mais conservador, “Aruanas” é uma produção de cunho mais progressista e exibida após as 22h, supostamente para pessoas adultas.

A decisão de cortar pela sexta vez uma manifestação de carinho LGBTQIAPN+ consolidou na Globo o estigma de retrocesso.

Os cortes, que buscam tornar invisível o afeto LGBTQIAPN+, foram acompanhados pela decisão de esconder o especial “Falas de Orgulho” na grade da madrugada.

No início deste ano, a Globo informou que o especial seria exibido após a novela das nove, assim como aconteceu há dois anos atrás, quando o projeto recebeu diversos elogios e marcou 16,9 pontos de audiência na Grande São Paulo. Contudo, nas últimas semanas a emissora informou ter mudado os planos, optando por apresentar o documentário dedicado ao mês de orgulho LGBTQIAPN+ depois da “Tela Quente”, por volta da meia-noite.

A mudança de horário escancara a nova e surpreendente postura da emissora, que após marcar posição a favor das minorias durante o governo ultraconservador de Jair Bolonaro, fecha as portas por vontade própria em plena abertura cultural do governo Lula.

Um detalhe dos bastidores pode explicar a reviravolta. O recrudescimento coincide com a saída de Ricardo Waddington e a nomeação de Amauri Soares para comandar os Estúdios Globo.