O penúltimo episódio de “The Last of Us” ofereceu aos fãs uma espécie de crossover. Troy Baker, ator que deu a voz e a captura de seus movimentos para o personagem Joel nos videogames, apareceu na série da HBO como um novo personagem. Ele surgiu na série como James, o braço direito do líder do culto canibal David (Scott Shepherd).
Em entrevista à revista Variety, Baker comemorou a participação na série. “Interpretar qualquer personagem é muito melhor do que eu achei que fosse fazer. Eu pensei que eu seria tipo um estalador”, disse, referindo-se às mutações da trama.
Ele também explicou como foi “passar a coroa” para Pedro Pascal (“Narcos”) – o intérprete de Joe na adaptação.
“Sou fã dele como ator. Ele atua de um jeito em que parece ser tão confiante em seu domínio sobre o personagem que permite que ele se sinta confortável em sua própria convicção. Ele faz tudo no fio da navalha. Não há nada que seja selvagem. Se você observar todas as suas escolhas, verá que são mínimas e, por isso, profundas. E isso torna Joel, de várias maneiras, mais perigoso”, revelou.
Segundo Baker, o grande triunfo de Pascal como o protagonista da adaptação é a fisicalidade, um aspecto impossível de ser explorado no jogo: “Quando você está se costurando com balas e facadas, não pode dizer: ‘Ai, minha mão ainda dói’. Mas na série poderíamos dizer ‘Eu quebrei minha mão e ela está machucada’, com o personagem permanecendo nesse estado durante meses. Para mim, isso é algo que ajuda a fundamentar a história e apresentá-la de uma forma muito tangível para um público totalmente novo”.
Troy Baker, um dos nomes mais famosos na dublagem de games dos EUA, foi a voz de Joel no primeiro videogame de 2013, na fase final do PlayStation 3, e na continuação de 2020. Na versão brasileira, Joel é dublado por Luiz Carlos Persy, que também empresta a sua voz para a versão televisiva do personagem na dublagem nacional da série.
O diretor de criação e roteirista do jogo, Neil Druckmann, ao desenvolver o protagonista da história, teve como uma de suas inspirações o personagem Llewelyn Moss, do filme “Onde os Fracos Não Têm Vez” (2007). Moss, um veterano da Guerra do Vietnã vivido por Josh Brolin (“Deadpool 2”) no longa dos irmãos Ethan Coen e Joel Coen, é uma figura bastante fria e dura.
No entanto, a interpretação de Troy Baker trouxe outras nuances para Joel, deixando o personagem mais emotivo, embora ainda durão. Afinal, apesar do estereótipo de norte-americano rústico, Joel consegue despertar empatia mesmo ao agir de maneira moralmente questionável.
Pedro Pascal, que vem se especializando em papéis de figuras paternas ao acaso, como fez em “The Mandalorian”, vem mostrando uma interpretação afinada com a de Troy Baker. Até mesmo o sotaque texano empregado pelo dublador no jogo aparece na atuação de Pascal.
No entanto, existem também diferenças, que parecem uma maneira de evitar replicar o jogo na série. Enquanto nos videogames Joel parece mais insensível e amargurado após a perda da filha, a versão de Pascal se mostra menos indiferente ao mundo e às pessoas ao seu redor, apesar de sua visível amargura. Outra diferença notável é o seu relacionamento com Tess. Enquanto no jogo ela é apenas uma parceira de negócios, a série mostra também um envolvimento mais íntimo.
O último episódio da 1ª temporada da série vai ao ar no próximo domingo (12/3) na HBO e na HBO Max.