A Apple vai investir US$ 1 bilhão na produção de filmes que serão exibidos nas salas de cinema. A rede de notícias Bloomberg apurou que a gigante da tecnologia está buscando parcerias com grandes estúdios de cinema para lançar filmes ainda nesse ano e no futuro.
Os acordos ainda não foram finalizados, mas a Apple deseja ter ao menos um filme por mês nos cinemas, contrariando sua estratégia anterior de lançar filmes exclusivamente na plataforma de streaming Apple TV+ ou então em circuito limitado.
Caso as negociações com distribuidores e redes de exibição sejam concluídas a tempo, é possível que filmes bastante aguardados como “Assassinos da Lua das Flores”, de Martin Scorsese, “Argylle”, de Matthew Vaughn, e “Napoleon”, de Ridley Scott, possam ser exibidos nas salas de cinemas.
O relatório da Bloomberg fez com que as ações de grandes redes exibidoras dos EUA, como AMC, IMAX e Cinemark, subissem de 5% a 8,5% na bolsa de valores.
A Apple não está sozinha nessa decisão de lançar seus filmes no cinema. Anteriormente, a Amazon também anunciou que vai investir US$ 1 bilhão para produzir entre 12 e 15 filmes por ano, com o intuito de lançá-los nos cinemas – e, posteriormente, na plataforma de streaming Amazon Prime Video.
Além disso, a Amazon também fechou um acordo de US$ 8,5 bilhões para adquirir a MGM no início do ano passado.
“Agora que o streaming começou a amadurecer, o pêndulo está certamente oscilando de volta para um equilíbrio, já que esses distribuidores veem o tipo de retorno financeiro que fica de fora com uma abordagem exclusiva para o streaming”, disse Shawn Robbins, analista-chefe da Box Office Pro, ao site Yahoo Finance.
Os serviços de streaming cresceram muito durante a pandemia, mas esse negócio ainda não traz o retorno esperado. Ao mesmo tempo, as bilheterias nos cinemas estão começando a se recuperar, conforme comprovado pelos sucessos de “Top Gun: Maverick” e “Avatar: O Caminho da Água”.
Segundo dados da Comscore, a bilheteria doméstica arrecadou cerca de US$ 7,5 bilhões no ano passado, representando um aumento de aproximadamente 70% em relação ao ano anterior. Ainda assim, o número é 30% menor do que os lucros vistos antes da pandemia, quando a venda de ingressos na América do Norte atingiu US$ 11 bilhões.
A chegada de empresas como Amazon e Apple no circuito cinematográfico pode ajudar a indústria a se recuperar.
“A Universal da Comcast gastou cerca de US$ 1 bilhão por ano em 2018-19 em lançamentos de filmes, gerando cerca de US$ 1,6 bilhão em média em bilheteria doméstica. Isso sugere que a Apple e a Amazon poderiam cada uma trazer cerca de US$ 1 a 1,5 bilhão em vendas de ingressos, aumentando a bilheteria em mais de 20% em comparação com uma estimativa de US$ 8,3 a 8,5 bilhões em 2023”, escreveu Geetha Ranganathan, analista de mídia da Bloomberg Intelligence, em reação à notícia.
Ranganathan disse ainda que os investimentos da Apple e da Amazon podem servir de incentivo para a Netflix também se aventurar nas salas de cinema, algo que a gigante do streaming tem relutado a fazer.
