Jornalista Glória Maria morre no Rio de Janeiro

Glória Maria, ícone do Jornalismo brasileiro, morreu na manhã desta quinta-feira (2/2) no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio. A repórter, que lutava contra o câncer, enfrentava metástases no cérebro. […]

Instagram/Gloria Maria

Glória Maria, ícone do Jornalismo brasileiro, morreu na manhã desta quinta-feira (2/2) no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio. A repórter, que lutava contra o câncer, enfrentava metástases no cérebro.

Em nota, a TV Globo informou que o tratamento da jornalista parou de surtir efeito nos últimos dias. “Em meados do ano passado, Glória Maria começou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias”, afirma.

No começo de janeiro, a apresentadora deixou o comando do “Globo Repórter” após 13 anos à frente do programa semanal. Ela estava afastada desde dezembro, quando anunciou que precisava se internar para tratar de seu câncer.

Na ocasião, a rede Globo explicou que seu estado de saúde era estável e previu o retorno de Gloria Maria como repórter da programação para este ano.

Em 2019, a apresentadora foi diagnosticada com um câncer de pulmão e precisou se submeter ao tratamento de imunoterapia. Na época, Gloria Maria obteve resultados satisfatórios.

Há cerca de três anos, a jornalista voltou a adoecer e descobriu metástases cerebrais. Ela enfrentou uma cirurgia no cérebro, que também foi realizada com êxito. No entanto, os tratamentos continuaram e, nos últimos dias, não tiveram o mesmo êxito.

Além disso, em janeiro de 2021, Gloria Maria também encarou uma internação após testar positivo para Covid-19. No hospital, ela precisou colocar um dreno no pulmão.

“Eu não vivo mais de sonhos. Eu vivo de realidade. Tenho muita coisa para realizar. Ganhei mais um prazo de validade e estou aproveitando de todas as maneiras”, disse numa entrevista recente à revista GE.

Glória Maria Matta da Silva nasceu em 15 de agosto 1949, no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta, começou sua carreira no Jornalismo na década de 1970 após ser levada por uma amiga para ser radio escuta nos estúdios cariocas da Globo. Em pouco tempo, Glória produziu sua 1ª reportagem, que narrava o desabamento do Elevado Paulo de Frontim.

Ela conquistou a emissora. Glória Maria tornou-se âncora do “RJTV”, passou a apresentar reportagens no “Jornal Hoje” e até comandou o “Bom Dia, Rio”.

Cerca de 16 anos depois, a jornalista migrou para a equipe do “Fantástico”. Em 1998, Glória Maria tornou-se responsável pelas reportagens especiais do programa dominical.

Como apresentadora, Glória ficou conhecida por viajar a lugares exóticos e entrevistar celebridades como Roberto Carlos, Michael Jackson, Usain Bolt, Leonardo Di Caprio, Madonna e Nicole Kidman.

Glória Maria foi pioneira do Jornalismo inúmeras vezes. Para além de protagonizar momentos históricos em mais de 100 países, ela foi a primeira repórter negra da TV Globo, bem como a primeira repórter a entrar ao vivo e a cores no “Jornal Nacional”.

Não parou por aí. Glória também contou com o repórter cinematográfico Lúcio Rodrigues para realizar a primeira transmissão em HD da televisão brasileira, numa matéria do “Fantástico” em 2007.

Em seu extenso portfólio, a jornalista guarda a cobertura da guerra das Malvinas (1982), a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998).

Mesmo assim, sofreu racismo até de um presidente brasileiro. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, ela lembrou de um episódio em que o general João Figueiredo, último presidente da ditadura, afirmou não querer perto dele “a neguinha da Globo”, em referência à jornalista.

Em razão dos ataques racistas, Glória lembrou, nessa mesma entrevista, que foi a primeira pessoa a fazer uso da Lei Afonso Arinos, promulgada em 1951 contra a discriminação racial. Ela acionou a Justiça depois de ter sido barrada em um hotel por ser negra.

A eterna jornalista deixa duas filhas, Laura e Maria.