Pais de vítimas querem processar Netflix pela série sobre incêndio na boate Kiss

Um grupo de pais de vítimas do incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, pretende processar a Netflix pelo lançamento de “Todo Dia a Mesma Noite”, série dramática sobre a tragédia. O […]

Divulgação/Netflix

Um grupo de pais de vítimas do incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, pretende processar a Netflix pelo lançamento de “Todo Dia a Mesma Noite”, série dramática sobre a tragédia.

O incêndio, que completou dez anos na última sexta (7/1), deixou 242 mortos e mais de 600 feridos.

“Nós fomos pegos de surpresa, ninguém nos avisou, ninguém nos pediu permissão”, disse o empresário Eriton Luiz Tonetto Lopes, coordenador do grupo de pais, ao jornal gaúcho Zero Hora. Ele perdeu a filha Évelin Costa Lopes, de 19 anos, na tragédia.

“Nós queremos saber quem está lucrando com isso. Não admitimos que ninguém ganhe dinheiro em cima da nossa dor e das mortes dos nossos filhos”, acrescentou.

Ao todo, mais de 40 pais se juntaram para tomar uma medida contra a plataforma, em protesto contra a transformação da tragédia em entretenimento.

Segundo a advogada da causa, Juliane Muller Korb, as famílias não são contra documentários (como a Globoplay também lançou na semana) ou obras jornalísticas, mas se opõem à forma como a Netflix lidou com a história. “A comercialização da tragédia incomodou muitos. A morte de pessoas vai gerar lucro à Netflix”, disse a representante à imprensa.

Segundo ela, alguns pais voltaram a ter crise de ansiedade e de pânico só por ver o trailer sendo exibido na televisão.

A série é baseada no livro de mesmo nome, escrito pela jornalista Daniela Arbex, e mistura realidade e ficção ao acompanhar a história de quatro familiares específicos, todos interpretados por atores.

Curiosamente, o protesto dos 40 pais não conta com apoio da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, criada para representar todas as vítimas do incêndio em 2013. Essa associação emitiu uma nota defendendo a série.

“A produção não retrata de forma individual os 242 jovens assassinados, mas sim um recorte das quatro famílias de pais que foram processados. Todos familiares de vítimas e sobreviventes retratados por personagens da obra estavam cientes e em concordância. Além disso, reiteremos que não estamos movendo nenhum processo contra as produções, nem pretendemos, por acreditarmos na potência das produções na luta por justiça e a luta por memória”, diz o comunicado da entidade.