Cindy Williams, estrela de “Loucuras de Verão”, morre aos 75 anos

A atriz Cindy Williams, famosa por produções como “Loucuras de Verão” (1973), “A Conversação” (1974) e a série “Laverne & Shirley” (1976-83), morreu aos 75 anos, em Los Angeles. A informação foi […]

Divulgação/ABC

A atriz Cindy Williams, famosa por produções como “Loucuras de Verão” (1973), “A Conversação” (1974) e a série “Laverne & Shirley” (1976-83), morreu aos 75 anos, em Los Angeles. A informação foi confirmada pela família da artista nesta segunda-feira (30/1), Zak e Emily Hudson, filhos de Cindy, revelaram na noite de segunda (30/1) que a estrela morreu no último dia 25. A causa da morte não foi divulgada.

“A morte de nossa gentil e hilária mãe, Cindy Williams, nos trouxe uma tristeza insuperável que nunca poderia ser verdadeiramente expressa”, diz o comunicado, assinado pela porta-voz da família, Liza Cranis.

Cindy veio de uma família humilde. Sua mãe foi garçonete e seu pai trabalhou numa empresa de equipamentos eletrônicos. Ela e a família viveram em Dallas por mais de 9 anos, mas tiveram que se mudar por causa do histórico de confusões do seu pai alcoólatra.

Depois de atuar em peças na escola, ela foi eleita a “garota mais engraçada da turma” – turma que incluía a futura estrela Sally Field (vendedora de dois Oscars, por “Norma Rae e Um Lugar no Coração”). Em seguida, se formou em Teatro na Los Angeles City College e lá começou a aumentar seu círculo de amigos.

Para se sustentar, a jovem chegou a trabalhar de atendente em uma loja de panquecas e servia drinks na famosa boate Whisky a Go Go, onde atendeu celebridades como Jim Morrison e Joe Cocker.

Em busca de trabalho como atriz, ela protagonizou dezenas de comerciais e fez pequenas participações em filmes como o trash “Beware! The Blob”, onde interpretava a mocinha devorada pelo monstro gosmento.

As coisas começaram a mudar depois de “Loucuras de Verão” (1973), de George Lucas, onde desempenhou o principal papel feminino. “Eu me lembro de assistir o corte final ao lado de Harisson Ford e ele dizendo que o filme tinha ficado muito legal”, relembrou a atriz em entrevista ao programa “Today” em 2015, por ocasião do lançamento de seu livro de memórias.

Graças a “Loucuras de Verão”, Cindy conquistou sua primeira – e única – indicação ao BAFTA (o Oscar britânico) na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante. Ela acabou perdendo o prêmio para Ingrid Bergman, por “O Assassinato No Expresso Oriente” (1974).

A comédia de carros e rock’n’roll, passada em 1962, também foi um sucesso enorme entre o público de cinema e de rádio (a trilha com clássicos chegou a ganhar dois volumes) e conseguiu uma indicação ao Oscar de Melhor Filme.

Em seguida, Cindy trabalhou em outro longa indicado ao prêmio da Academia: “A Conversação” (1974), de Francis Ford Coppola, onde interpretou uma mulher em perigo.

E podia ter se tornado ainda mais conhecida, porque fez teste para o papel de princesa Leia, de “Guerra nas Estrelas”, na esperança de voltar a trabalhar com o diretor de “Loucuras de Verão”.

Ela acabou perdendo o personagem para Carrie Fisher, mas acabou encontrando outro papel marcante pelo qual passou a ser sempre lembrada: a Shirley da sitcom “Laverne & Shirley”.

Em 1975, Cindy e Penny Marshall foram convidadas a aparecer num episódio da série “Happy Days”, pioneira das sitcoms nostálgicas, passada nos anos 1950. Na trama, elas participam de um encontro duplo com Fonzie (Henry Winkler) e Richie (Ron Howard, o namorado de Cindy em “Loucuras de Verão”), só que exibiram uma química inesperada e roubaram as cenas dos protagonistas.

O produtor de “Happy Days”, Garry Marshall, imediatamente viu o potencial da dupla e desenvolveu um spin-off de “Happy Days” para contar a história de Laverne DeFazio e Shirley Wilhelmina Feeney, colegas de colégio, que dividiam um porão em Milwaukee e trabalhavam como operárias numa fábrica de bebidas.

“Laverne & Shirley” estreou em 1º lugar na audiência em 26 de janeiro de 1976 e se tornou a série mais vista dos EUA entre 1977 e 1979. E um dos motivos do sucesso é que as atrizes se atiravam literalmente na trama. A sitcom – gravada diante de uma plateia de 450 pessoas – foi considerada a produção mais física do gênero desde “I Love Lucy” na era de ouro da TV, e exigia tanto de Penny e Cindy que elas foram homenageadas pela Associação dos Dublês dos EUA por sua capacidade de enfrentar desafios diante das câmeras.

Em entrevista para a TV Academy Foundation, Cindy disse que o momento que mais sente orgulho de sua carreira foi “fazer 450 pessoas gargalharem”. “Eu lembro que fui muito feliz fazendo isso”, relembrou a artista.

A série durou oito temporadas (até 1983), mas terminou sem Cindy no elenco. No final do sétimo ano, ela se casou com o ator e musicista Bill Hudson.

Antes disso, ainda fez no cinema “E a Festa Acabou” (1979), continuação de “Loucuras de Verão”, e depois de alguns anos longe das telas devido ao nascimento de sua filha, retornou à TV como a mãe dos personagens de Dweezil Zappa e Moon Unit Zappa (os filhos do roqueiro Frank Zappa) na comédia “Normal Life” (de 1990).

Ela ainda viveu outra mãe na comédia “Getting By” (1993-94) e engatou diversas participações em sitcoms, como “8 Regrinhas Básicas”, “Girlfriends”, “Sam & Cat” e “Estranho Casal”.

Além disso, trabalhou atrás das câmeras, emplacando um grande sucesso como co-produtora da comédia “O Pai da Noiva” (1991), estrelada por Steve Martin, e sua sequência de 1995.

Sua autobiografia, “Shirley, I Jest!: A Storied Life”, foi publicada em 2015. Sete anos depois, ela percorreu o país fazendo o show solo “Me, Myself & Shirley”, onde compartilhou memórias de sua carreira.

Incansável, Cindy continuava trabalhando e chegou a completar a gravação da série musical “Sami”, que estreia em abril na Amazon Prime Video.