A atriz Cássia Kis, bolsonarista assumida, aderiu à contranarrativa dos terroristas de Brasília, culpando “infiltrados” de esquerda pelo rastro de destruição deixado na Praça dos Três Poderes no domingo passado (8/1).
Segundo a atriz, até notórios apoiadores de Jair Bolsonaro, que convocaram o quebra-quebra nas redes sociais, são “infiltrados” nos movimentos golpistas, que atuaram para atrair “patriotas” com o único objetivo de culpá-los pelo vandalismo.
A “tese” foi defendida pela atriz por meio de oito vídeos, que encaminhou para a seção F5 da Folha de S. Paulo.
Em um deles, a bolsonarista Ana Priscila Azevedo – responsável por um grupo de apoio ao ex-presidente, com mais de 55 mil membros no Telegram – , que foi vista no quebra-quebra, é apontada como esquerdista. “Uma infiltrada que fez vandalismo e colocou a culpa nos patriotas que se manifestaram pacificamente”, diz a legenda de uma das publicações compartilhadas por Cassia.
Curiosamente, o último post de Ana Priscila, antes de excluir suas redes sociais nesta segunda (9/1), também acusava “infiltrados” pela baixaria de domingo.
De acordo com o relato do jornal, Cássia ainda teria compartilhado as imagens de um homem com o rosto coberto por uma camiseta dentro do Congresso Nacional, a quem batizou de Hugo, um suposto membro do MST infiltrado. A afirmação soou aleatória por não vir acompanhada de qualquer prova.
Esta contranarrativa foi identificada pelo jornal americano Washington Post, em reportagem publicada nesta segunda, como plágio da defesa feita pelos trumpistas da insurreição de 6 de janeiro de 2021 nos EUA, “quando muitos apoiadores de Trump culparam ativistas de esquerda pela violência” durante a invasão do Capitólio, o Congresso dos EUA.
Questionada sobre o que realmente achou dos atos e se queria dar uma entrevista, ela teria dito apenas que “a verdade é uma só”.
Cassia Kis participou de atos antidemocráticos em pelo menos duas oportunidades.
Em 6 de novembro, na Praça Duque de Caxias, centro do Rio de Janeiro, ela carregou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e fez orações na manifestação, que pedia um golpe militar no Brasil.
Em 2 de novembro, participou das manifestações golpistas no Rio de Janeiro, ocasião em que foi recebida como uma heroína por ter “enfrentado o sistema” da Globo e novamente se juntou aos bolsonaristas numa oração.