O ator Ezra Miller, o Flash da “Liga da Justiça”, foi condenado a um ano de liberdade condicional, após ter se declarado culpado de ter invadido uma casa para roubar três garrafas de bebida
A declaração do ator faz parte de um acordo feito com o tribunal para reduzir sua sentença. Além de ter que cumprir o período de liberdade condicional, Miller também precisará pagar uma multa de US$ 500.
“O tribunal imporá a sentença aqui… aceitamos sua confissão de culpa. Vamos impor aqui a multa de US$ 500 e a sentença de 80 a 90 dias de prisão, suspensa com liberdade condicional. O período de liberdade condicional será de um ano”, disse a juíza do Tribunal Superior, Kerry A. McDonald-Cady, nesta sexta (13/1).
“Como parte do acordo de confissão aqui, o estado rejeitará sem prejuízo as acusações 1 e 2, de roubo e furto”, acrescentou McDonald-Cady.
As “acusações 1 e 2″ a que a juíza se refere são: roubo em uma residência ocupada, que acarretava pena de até 25 anos e/ou multa de até US$ 1.000, e pequeno furto, que teria pena de até um ano e/ou multa de até US$ 1.000.
“Você estará em liberdade condicional administrativa por um ano pela invasão ilegal da qual se declara culpado. Se você concluir essa liberdade condicional com sucesso e a liberdade condicional for encerrada e liberada, a acusação 1 permanecerá descartada”, disse McDonald-Cady. “No entanto, se houver uma violação da liberdade condicional, que foi arquivada e para a qual o tribunal encontrou causa provável, o estado pode desarquivar novamente a acusação de roubo.”
Miller deve se registrar no departamento de correções em Vermont, notificar o oficial de liberdade condicional do seu endereço atual a cada mês e notificar dentro de 72 horas se houver causa provável para um novo crime durante o período de liberdade condicional. Além disso, ele não pode beber álcool, na medida em que isso interfira no seu emprego, no bem-estar da sua família, de si mesmo ou em qualquer outra pessoa, de acordo com o juiz.
A advogada do ator emitiu um comunicado sobre a decisão judicial.
“Ezra Miller confessou-se culpado esta manhã de uma contravenção ilegal no Tribunal Superior de Vermont e aceitou as condições impostas pelo tribunal. Ezra gostaria de agradecer ao tribunal e à comunidade por sua confiança e paciência ao longo deste processo, e mais uma vez gostaria de reconhecer o amor e o apoio que recebeu de sua família e amigos, que continuam sendo uma presença vital em seu contínuo tratamento de saúde mental”, disse a advogada Lisa B. Shelkrot.
O caso que foi jugado aconteceu em 1º de maio de 2022, quando Miller invadiu a despensa da casa do seu vizinho, Isaac Winokur, e roubou garrafas de gim, vodca e rum. Na ocasião, as imagens das câmeras de segurança do local levaram a polícia até Miller.
O procurador-adjunto de Vermont, Alexander Burke, do Ministério Público de Bennington, disse que Winokur “apoia esta resolução”. “Ela protege seu interesse de privacidade sem ter que prosseguir com o julgamento, além de garantir tratamento contínuo de saúde mental para o réu. Essencialmente, atua como uma sentença sobre a questão do crime, que foi o projeto do acordo que continuará a permitir que o réu se envolva no emprego que escolher.”
O ator está colecionando denúncias e problemas com a polícia desde fevereiro, quando foi acusado de tentar enforcar uma mulher num bar na Islândia. Depois disso, foi preso em março no Havaí por criar tumulto em outro bar e autuado em abril por suspeita de agressão de segundo grau numa festa em uma residência particular, também no Havaí.
Em seguida, foi alvo de duas ordens de restrição. A primeira foi feita pelos pais de uma jovem de 18 anos da Reserva Indígena Standing Rock, na região de Dakota, que alegam que Miller manipulou sua filha desde que ela tinha 12 anos. Aos 18, ela abandonou a escola e fugiu de casa, indo parar na residência do ator. A jovem escreveu em seu Instagram que Miller a ajudou num momento difícil.
A segunda foi feita por pais de uma criança de 12 anos em Massachusetts, após Miller supostamente entrar em um confronto agressivo com sua família, exibir uma arma e constranger a criança com abraços e comentários sobre gênero, ao descobrir que ela se definia como não binária.
Para completar, em junho veio à tona a denúncia de que Miller estava abrigando uma mãe e seus filhos pequenos em sua fazenda em Vermont, em meio a condições inseguras, com armas e munição espalhadas pela propriedade. A mãe disse à publicação que o ator a ajudou a escapar de um casamento abusivo.
Em agosto, Miller pediu desculpas por seu comportamento e começou um tratamento de saúde mental. “Tendo passado recentemente por um período de crise intensa, agora entendo que estou sofrendo problemas complexos de saúde mental e comecei um tratamento contínuo”, disse ele em comunicado. “Quero pedir desculpas a todos que alarmei e aborreci com meu comportamento passado. Estou comprometido em fazer o trabalho necessário para voltar a um estágio saudável, seguro e produtivo em minha vida.”
O tratamento seria uma exigência da Warner Bros., que enfrentou um dilema em relação ao filme “The Flash” já concluído. Os custos para substituir o ator na produção seriam simplesmente caros demais – Miller não só está em quase todas as cenas como ainda tem papel duplo, como um Flash de outro universo. Também seria difícil arquivar o lançamento, após os gastos milionários investidos em sua produção. Mas há planos para tirá-lo do papel em próximas produções.
No ano passado, Miller supostamente teve uma reunião bem-sucedida com os presidentes do estúdio Warner Bros., Michael De Luca e Pamela Abdy, para se desculpar por todos os problemas jurídicos e midiáticos que seu comportamento causou. Porém, seu destino dentro da Warner/DC ainda é incerto, visto que a nova diretoria, formada pelo cineasta James Gunn e o produtor Peter Safran (“O Esquadrão Suicida”), não detalhou qual será o futuro do Flash.