A atriz Taraneh Alidoosti, estrela de “O Apartamento” (2016), filme vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional, foi presa pela polícia iraniana, uma semana depois de fazer uma postagem no Instagram expressando solidariedade ao primeiro homem executado por crimes supostamente cometidos durante os protestos recentes no país. Vários iranianos estão protestando contra a política conservadora do país, após uma mulher de 22 anos ter sido agredida até a morte pela polícia por um detalhe fútil. Ela não arrumou direito o véu sobre sua cabeça, deixando aparecer um pedaço de seu cabelo, o que foi considerado um crime extremamente ofensivo e lhe causou a morte.
A agência de mídia estatal iraniana informou que Alidoosti foi detida sob a acusação de “espalhar falsidades” sobre os protestos. Ela escreveu em seu Instagram: “O nome dele era Mohsen Shekari. Cada organização internacional que assiste a este derramamento de sangue e não age é uma vergonha para a humanidade”.
Shekari foi executado em 9 de dezembro após ser acusado por um tribunal iraniano de bloquear uma rua em Teerã e atacar um membro das forças de segurança do país com um facão.
Além da postagem de solidariedade, a atriz de 38 anos também protestou com um foto no Instagram, em que aparece sem um véu sobre a cabeça, vestimenta que é obrigatória na República Islâmica.
Taraneh Alidoosti é uma das atrizes mais famosas do Irã. “O Apartamento” foi o quarto filme em que trabalhou com o premiado cineasta Asghar Farhadi, sempre em papéis em que precisa lidar com os costumes conservadores do Irã. Seu desempenho mais famoso foi como a liberal Elly de “Procurando Elly” (2009), cujo desaparecimento/morte precipita uma crise moral num grupo de amigos. O filme deu muito o que falar e rendeu o prêmio de Melhor Direção para Farhadi no Festival de Berlim, além de vencer o Festival de Tribeca, em Nova York.
O anúncio de sua detenção é o mais recente de uma série de prisões de celebridades, incluindo jogadores de futebol, atores e influenciadores, devido ao apoio às manifestações antigovernamentais, que já duram três meses no país.