O ator Renato Góes, atualmente no ar na novela “Mar do Sertão”, vai estrelar um longa sobre Mariel Mariscot, policial acusado de milhares de mortes e integrante mais conhecido do grupo de extermínio Scuderie Le Cocq, fundado em 1965, após o início da ditadura militar, que se tornou o mais célebre esquadrão da morte brasileiro.
O Scuderie Le Cocq matou ao menos 1,5 mil pessoas só no Espírito Santo e é considerada o primeiro grupo de extermínio fluminense, além de ter sido pioneiro das milícias cariocas. O grupo foi formado numa missão de vingança para executar o marginal Cara de Cavalo, responsável pela morte do detetive Milton Le Cocq d’Oliveira. Após dispararem 50 tiros no criminoso, eles resolveram estender a cortesia a outros nomes de uma lista crescente.
Os assassinos adotaram até distintivo, simbolizados por uma caveira com dois ossos da tíbia cruzados por baixo, e a sigla E.M. (tanto de Esquadrão da Morte como de Esquadrão Motorizado).
O detetive Mariscot foi uma verdadeira celebridade da época, que pela fama de matador foi escolhido pelo governador Negrão de Lima para integrar em 1969 os chamados “12 Homens de Ouro da Polícia Carioca”, uma tropa de elite especialmente selecionada para eliminar a “bandidagem” do antigo Estado da Guanabara – termo que na época também incluía travestis e moradores de rua. Boêmio e bem apessoado, era visto frequentemente com mulheres famosas. Mas acabou expulso da polícia após ser preso por crimes como falsificação de cheques, exploração de prostitutas, corrupção e assassinato. Acabou executado por rivais do crime a caminho de uma reunião com os chefões do Jogo do Bicho no centro do Rio em 1981.
Além de Mariscot, outro integrante famoso do grupo era Guilherme Godinho Ferreira, o Sivuca, que mais tarde popularizou o bordão “bandido bom é bandido morto”, ao se eleger deputado estadual no Rio de Janeiro.
Com direção de Mauro Lima (“Tim Maia”), o filme deve começar a ser rodado assim que Góes for liberado das gravações da Globo.