Ator e diretor, Lázaro Ramos também é escritor de livros. Ela já escreveu nove obras e está estreando na ficção juvenil com “Você Não é Invisível”, que recebe lançamento oficial neste sábado (26/11) na Flip (Festa Literária Internacional de Paraty).
Quando esteve pela primeira vez na Flip, em 2017, para lançar o autobiográfico “Na Minha Pele”, ele se emocionou com o depoimento da professora Diva Guimarães, ao narrar episódios dolorosos de sua vida, marcada pelo racismo.
“Você Não é Invisível” conta a história de dois irmãos, Carrinho, de 16 anos, e Vitória, 14, que na pandemia passam o dia sozinhos em casa — o pai tem dois empregos: numa peixaria e numa transportadora, e a mãe, antropóloga, caiu na estrada há anos.
Entediados, os irmãos não conversam entre si e procuram modos de extravasar. Vitória lê os cadernos antigos da mãe e escreve histórias. Já Carrinho grava uma diário em áudio e inventa personagens nas redes sociais.
Em entrevista para o jornal O Globo, Lázaro disse que a inspiração veio de uma fascinação pela maneira como a Geração Z se comunica: adolescentes que jogam, conversam e assistem a vídeos quase ao mesmo tempo, sem tirar os olhos da tela. Mas ele contou que também foi inspirado pela descoberta, durante a pandemia, que sua bisavó chamada Vitória tinha nascido em 1888, ano da abolição da escravatura. Isto levou à escolha do nome Vitória para uma das protagonistas, que na ficção também tem um bisavó de mesmo nome.
Lázaro afirma que é na literatura que ele se sente mais livre, porque preserva a voz do adolescente que ele foi. Um adolescente, aliás, que precisava ter ouvido na época que não era invisível.
“Enquanto outros brincavam, eu me escondia atrás de personagens de teatro ou me metia nos livros para não olhar nos olhos de ninguém. A arte me salvou. Foi a arte que me pôs no mundo”, ele explicou. E agora retribui colocando mais arte no mundo.