Irene Cara, estrela de “Fama” e cantora de “Flashdance”, morre aos 63 anos

A cantora e atriz Irene Cara, que venceu dois Oscars de Melhor Canção, morreu no sábado aos 63 anos, na Flórida. A causa da morte não foi divulgada. Irene Cara nasceu em […]

Divulgação/Network

A cantora e atriz Irene Cara, que venceu dois Oscars de Melhor Canção, morreu no sábado aos 63 anos, na Flórida. A causa da morte não foi divulgada.

Irene Cara nasceu em 18 de março de 1959, na região do Bronx, em Nova York, e era filha de um saxofonista porto-riquenho, e era conhecida por cantar “Flashdance… What a Feeling”, da trilha de “Flashdance – Em Ritmo de Embalo” (1983) e a música-título de “Fama” (1980), ambas premiadas pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA.

A artista também estrelou “Fama” como atriz, após se destacar anteriormente em outro musical: “Sparkle”, de 1976, sobre três irmãs cantoras cujos laços familiares são rompidos enquanto buscam a fama.

O começo de sua carreira foi justamente em musicais da Broadway, ainda adolescente, de onde ela saiu para estrelar o romance interracial “Aaron Loves Angela” (1975) no cinema. Depois de “Sparkle”, ainda teve papéis proeminentes na minissérie de televisão “Raízes II” (1979) e no telefilme “Jim Jones: A Tragédia da Guyana” (1980).

Mas foi no musical de 1980 de Alan Parker que ela despontou para o sucesso. Cara viveu a protagonista de “Fama”, Coco Hernandez, lutando ao lado de estudantes de um escola de artes cênicas para aperfeiçoar seus talentos e buscar viver de arte. O filme foi um fenômeno de bilheteria e de venda de discos. Ela cantou a faixa-título e o hit “Out Here on My Own”, que entraram nas listas das músicas mais tocadas do ano. Ambas ainda foram indicadas ao Oscar de Melhor Canção Original, numa disputa que deu a estatueta para “Fame”.

A repercussão levou Cara a ser indicada ao Grammy de Melhor Artista Revelação e Melhor Performance Pop Feminina de 1980. E em 1983 ela dobrou o feito como cantora e coautora de “What a Feeling”, que lhe rendeu vitórias no Grammy e no Oscar em 1984.

Entretanto, após atingir esse ponto alto da carreira, Cara viu tudo desabar com grande rapidez.

Ela estrelou uma seleção de filmes muito ruins nos anos 1980, incluindo a comédia besteirol “Taxi Especial” (1983) com Mr. T., a comédia de ação “Cidade Ardente” (1984) com Clint Eastwood e o thriller “Choque Mortal” (1985) com Tatum O’Neal.

Nenhum desses trabalhos fez sucesso comercial, o que a colocou na rota das produções trash e encurtou sua carreira. Em 1989, ela fez seu último filme: “Caged in Paradiso”, em que viveu uma presidiária encarcerada com outras mulheres numa ilha tropical.

Depois disso, ainda estrelou a série policial “Anjo Maldito” (Gabriel’s Fire), ao lado de James Earl Jones, mas a produção durou apenas uma temporada, entre 1990 e 1991, e Cara só voltou a trabalhar como dubladora de games e animações lançadas diretamente em vídeo.

Paralelamente, a carreira musical sofreu com sua decisão de processar sua gravadora, Network Records, por se sentir usada e roubada. No processo aberto em 1985, Cara pediu US$ 10 milhões, afirmando que a Network havia explorado o seu trabalho e sua confiança, fazendo-a assinar contratos que lhe custaram mais de US$ 2 milhões.

A ação correu na Justiça durante oito anos, antes de a Corte reconhecer que Cara, de fato, havia sido prejudicada pela gravadora. Mas ela só ganhou US$ 1,5 milhão de indenização, grande parte comprometida com os custos do processo, e terminou com a reputação prejudicada numa época em que mulheres deveriam apenas fazer o que lhes era mandado. Em entrevistas ao longo dos anos, Cara afirmou que foi renegada pela indústria musical após ir atrás de seus direitos, recebendo o rótulo de “difícil”.

Cara teve um último salvo de fama ao regravar “Flashdance… What a Feeling” com DJ BoBo para a trilha da comédia “Ou Tudo ou Nada” de 1997. O filme fez bastante sucesso e devolveu a música às rádios, lhe permitindo reviver pela última vez seus dias de glória.

Historicamente, “Fama” e “Flashdance” se diferenciaram dos musicais que os precederam por mostrar diversidade racial e histórias de superação de personagens da classe trabalhadora. Isto também ajudou a transformar suas músicas em hinos de desprivilegiados dispostos a vencer as adversidades sociais.

Esse detalhe foi lembrado pela atriz Jennifer Beals, que estrelou “Flashdance”, ao homenagear Cara em seu Instagram, enquanto celebrava o multitalento da artista. “Foi preciso uma bela sonhadora para criar e cantar as trilhas sonoras para aqueles que ousam sonhar.”

Lembre abaixo os três maiores hits de Irene Cara.