O especial de Halloween da Marvel “Lobisomem na Noite” (Werewolf By Night) pegou muita gente de surpresa por ter sido disponibilizado nesta sexta (7/10) em preto e branco. Não se trata de um erro de exibição. Ao contrário, foi resultado de muita luta do diretor Michael Giacchino (compositor de “Batman”) em sua estreia na função.
“Na minha cabeça, desde o início, precisava ser em preto e branco”, disse ele em entrevista à revista Variety, explicando que enfrentou grande ceticismo dos executivos da Marvel.
Por conta da dúvidas sobre o resultado, “Lobisomem na Noite” foi, na verdade, inteiramente filmado em cores. Mas Giacchino conseguiu um compromisso de que o filme poderia ser convertido ao preto e branco caso ele provasse a superioridade dessa abordagem. Assim, ele incluiu no equipamento do set “um monitor especial que me permitia ver como seria” caso o plano monocromático fosse finalmente aprovado.
“Senti que se fôssemos fazer algo novo no Universo Marvel, deveríamos fazer algo realmente diferente e ousado”, seguiu o diretor.
Ele preparou diferentes montagens, com cor e sem cor, e a decisão só foi tomada na terceira versão, com o aval de Kevin Feige, o chefão do estúdio.
O fato de apresentar a história em preto e branco era importante para Giacchino para se adequar melhor ao estilo que imaginou, como homenagem aos filmes de terror dos anos 1930 e 1940.
“Filmes de monstros para mim não passam de alegorias para pessoas com problemas”, afirmou o diretor, em referência aos clássicos. “Toda vez que eu assistia ‘King Kong’ ou ‘O Lobisomem’, e todos os perseguiam com tochas, tentando matá-los, eu sempre me sentia mal por eles. Eu pensava: ‘gente, ele não quer fazer isso! Ele não quer ser violento! Ele tem um problema e precisa de ajuda.’”
Por isso ele era fã dos quadrinhos de terror da Marvel e, quando Feige lhe perguntou se havia algum projeto que gostaria de fazer, não teve dúvidas em escolher o Lobisomem da editora, surpreendendo o próprio executivo.
O Lobisomem foi um dos personagens mais marcantes da era de terror da Marvel nos anos 1970 – quando a editora lançou quadrinhos de Drácula, Frankenstein e o Motoqueiro Fantasma, entre outros. “Eu o conheci quando era criança”, disse o diretor. “Ainda tenho meus quadrinhos”.
Sua adaptação, porém, não tem o compromisso de integrar o MCU (Universo Cinematográfico da Marvel). “Não quis me preocupar para onde a história está indo ou como vai se conectar a outra coisa. Decidi adotar a abordagem de Rod Serling [criador de ‘Além da Imaginação’] e contar uma única história isolada, uma noite na vida de Jack (Gael Garcia Bernal) e Elsa (Laura Donnelly). Isso é realmente o que eu queria fazer.”
Por isso, o filme também não foi concebido como um piloto para uma possível série futura da Marvel – embora ele também conceda que “tudo pode acontecer. Veremos.”
Mais conhecido pelo seu trabalho como compositor de trilhas sonoras de sucesso, como as de “Up: Altas Aventuras” (2009), “Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros” (2015) e “Batman” (2022), Giacchino pretende se dedicar mais à direção no futuro, mas sem abandonar a trilha sonora.
Por sinal, além de dirigir, ele também compôs a trilha de “Lobisomem na Noite”.
O filme de 52 minutos está disponível no serviço de streaming Disney+. Confira o trailer abaixo.