Cássio Pereira dos Santos, diretor de “Valentina”, morre aos 42 anos

O cineasta Cássio Pereira dos Santos, diretor do longa “Valentina”, morreu na sexta-feira (30/9), aos 42 anos. A informação foi confirmada hoje pela atriz Guta Stresser, que trabalhou com o cineasta. “É […]

Instagram/Valentina Filme

O cineasta Cássio Pereira dos Santos, diretor do longa “Valentina”, morreu na sexta-feira (30/9), aos 42 anos. A informação foi confirmada hoje pela atriz Guta Stresser, que trabalhou com o cineasta.

“É com muito pesar que nos despedimos desse pequeno gigante, Cássio Pereira dos Santos, diretor de ‘Valentina’ e de outros filmes, todos com a marca desse diretor generoso, talentoso e assertivo”, anunciou a artista em seu Instagram.

Na postagem, Guta Stresser se despediu do amigo e confessou que ele fará falta. “Um coração enorme, deixa a nós todos, que trabalhamos com ele, e a sua família tão querida, meio órfãos e atônitos. (…) Força e carinho para sua família e para nós todos do lado de cá”, escreveu.

O diretor estava em sua casa em Uberlândia, Minas Gerais, e até o momento não há informações sobre a causa da morte.

Nascido em 1980 em Patos de Minas, Cássio estudou cinema na Universidade de Brasília (UnB) e iniciou sua carreira na capital brasileira, primeiro como assistente de produção e assistente de edição em comerciais de TV, curtas e vídeos institucionais para governo. Também atuou como produtor na TV Escola, canal do Ministério da Educação, onde acompanhou licitações e supervisionou a produção de séries documentais para televisão.

Sua experiência com direção começou como assistente no documentário de 2003 sobre Dom Helder Camara, de Erika Bauer. E a partir daí passou a dirigir curtas-metragens. Fez oito, entre 2004 e 2018, sendo premiado por “A Menina-Espantalho” (2008) no Festival de Brasília e por “Marina Não Vai à Praia” (2014) no Cine Ceará.

Lançado em 2020, “Valentina” foi seu primeiro e único longa-metragem, “um retrato esperançoso e inspirador das dificuldades da vida real enfrentadas por uma jovem que busca abraçar quem ela é”, de acordo com a sinopse oficial.

O filme conta a história de uma jovem trans que se muda para o interior de Minas com a mãe, Márcia (Guta Stresser), para um recomeço. Com receio de ser intimidada na nova escola, a garota busca mais privacidade e tenta se matricular com seu nome social. No entanto, a menina e a mãe começam a enfrentar dilemas quando a escola começa a exigir, de forma injusta, a assinatura do pai ausente (Rômulo Braga) para realizar a matrícula.

A obra colecionou aclamação mundial.

“Valentina” fez sua première no Outfest Los Angeles, onde a atriz Thiessa Woinbackk recebeu o Grande Prêmio de Melhor Interpretação. A primeira exibição nacional aconteceu na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que consagrou o longa como Melhor Filme na escolha do público, além de render uma menção honrosa do júri para a atriz Thiessa Woinbackk.

Em seguida, o longa venceu o Festival Mix Brasil, premiado duplamente como Melhor Filme, tanto pelo júri quanto pelo público, além de render prêmios de Melhor Roteiro para Cássio e Interpretação para Thiessa.

Foram, ao todo 22 troféus conquistados pela produção, inclusive no exterior, em festivais da América do Norte e Europa, que garantiu a “Valentina” distribuição em cinemas da Espanha, Suécia e Japão, e também pela Netflix.

Ele estava trabalhando em seu segundo longa. Em 2021, recebeu o Prêmio Paradiso do TorinoFilmLab, da Italia, e foi selecionado pelo programa Berlinale Talents, do Festival de Berlim, para desenvolver o filme “Temporada de Fogo”.