A atriz Ashley Judd (“Possuídos”) interpretou a si mesma no drama “Ela Disse” (She Said, 2022), que detalha o trabalho de jornalistas para expor Harvey Weinstein, o poderoso produtor de Hollywood que se tornou criminoso sexual condenado.
Judd foi uma das mulheres que se apresentaram ao jornal The New York Times em 2017 para acusar Weinstein de má conduta sexual. No filme, ela aparece contando a sua história para a repórter Jodi Kantor (interpretada por Zoe Kazan, de “Doentes de Amor”), afirmando que foi assediada sexualmente por Weinstein durante a produção do filme “Beijos que Matam” (1997).
Enquanto outras vítimas pediram para não serem identificadas no artigo, Judd concordou em ter seu nome publicado. Ela foi a primeira atriz famosa a se assumir vítima de abuso sexual de Weinstein, o que encorajou outras se pronunciarem, desencadeando uma onda de denúncias e compartilhamento público de histórias que ficou conhecido como o movimento #MeToo.
“Ela Disse” teve a sua première no Festival de Cinema de Nova York na última quinta (13/10) e na ocasião Judd foi aplaudida de pé pelo público. Ela compareceu ao evento acompanhada por outras vítimas de Weinstein.
“Antes de tudo, eu só quero reconhecer minhas irmãs e agradecê-las por sua coragem”, disse Judd durante uma sessão de perguntas e respostas. Ela estava emocionada e prestou uma homenagem à sua mãe, a cantora country Naomi Judd, que morreu em abril. “Eu me lembro quando eu estava falando com minha mãe sobre isso, ela disse: ‘Oh, vá pegá-los, querida.’ Ela ficou encantada com minha audácia (de falar).”
Ela lembrou da sua experiência ao ser procurada pelo jornal para expor o que lhe aconteceu. “Foi muito fácil para mim contar essa história. Foi muito válido quando alguém finalmente quis ouvir e fazer algo sobre isso. E o filme é o próximo passo disso. É muito importante estar em nossa verdade e ter justiça em nossa história”, disse ela.
“Então foi uma coisa muito simples para mim fazer esse filme e fiquei muito grata pela oportunidade”, acrescentou.
“Ela Disse” conta a história de Kantor e Megan Twohey (Carey Mulligan, de “Bela Vingança”), duas jornalistas que divulgaram a história de décadas de alegações de abuso sexual de Weinstein e ganharam um Prêmio Pulitzer pela sua investigação. Dirigido por Maria Schrader (“O Homem Ideal”), o filme adapta o livro homônimo escrito pelas jornalistas e mostra o processo de localizar e entrevistar as vítimas.
Falando sobre o que aconteceu com ela, Judd contou que “reformulei experiências que tive que entender que eram de fato assédio e agressão, porque eu as havia minimizado anteriormente”. Segundo ela, as reportagens de Kantor e Twohey, e o movimento #MeToo, “permitiram que a consciência das mulheres se transformasse e estabelecesse limites e reivindicasse autonomia.”
Judd e Kazan (que também participou do evento) encerraram a sessão de perguntas e respostas elogiando as mudanças ocorridas em Hollywood desde o início do movimento #MeToo. Isso inclui coordenadores de intimidade em sets de séries de TV e filmes, assim como linhas diretas para denúncias de assédio sexual.
Weinstein está atualmente cumprindo uma sentença de 23 anos de prisão após ter sido condenado por estupro e abuso sexual em um julgamento em Nova York em 2020, e agora enfrenta mais 11 acusações de abusos sexuais de cinco mulheres, que ele teria atacado entre 2004 e 2013. Seu novo julgamento está acontecendo em Los Angeles.
“Ela Disse” chega aos cinemas americanos em 18 de novembro, quase um mês antes da sua estreia no Brasil, marcada para 8 de dezembro. Assista abaixo ao trailer do filme.