Globo de Ouro voltará à TV em janeiro

O canal americano NBC voltará a exibir o Globo de Ouro em janeiro, depois de ter desistido de exibir a cerimônia de premiação em 2022. O anúncio foi feito pela Associação da […]

Divulgação/HFPA

O canal americano NBC voltará a exibir o Globo de Ouro em janeiro, depois de ter desistido de exibir a cerimônia de premiação em 2022. O anúncio foi feito pela Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA na sigla em inglês) e pela Dick Clark Productions, empresa que produz o evento.

Detalhes sobre as negociações não foram divulgados. Sabe-se apenas que o contrato tem validade de um ano, “o que permite que o HFPA e o DCP explorem novas oportunidades para distribuição doméstica e global em uma variedade de plataformas no futuro”, explica o comunicado oficial.

Responsável pela exibição da premiação desde 1996, o canal cancelou a transmissão no ano passado, após a pressão das plataformas Amazon e Netflix, de uma coalizão de 100 agências de talentos, que representam as principais estrelas do cinema e da televisão dos EUA e do Reino Unido, e também de vários estúdios. Todos anunciaram rompimento com a Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA na sigla em inglês), entidade que elege os vencedores da premiação, devido à denúncias de racismo e corrupção.

As agências chegaram a sugerir especificamente o cancelamento do Globo de Ouro em 2022, diante da falta de pressa da associação para promover as mudanças esperadas pela indústria do entretenimento. Em vez disso, o Globo de Ouro “aconteceu” sem a presença de astros de Hollywood, com o anúncio de vencedores pelas redes sociais. Naquela ocasião, a NBC já havia apontado que poderia transmitir o evento em 2023.

Entre as mudanças recentes na organização, a HFPA anunciou recentemente que adicionou 103 novos votantes ao seu quadro de membros, que se somam aos cerca de 80 anteriormente existentes.

Um dos fatos que gerou maior repercussão contra a entidade foi uma reportagem-denúncia do jornal Los Angeles Times apontando que nenhum dos 80 integrantes originais da HFPA e eleitores do Globo de Ouro era negro. Para complicar, um ex-presidente da entidade, Philip Berk, escreveu um email para os filiados chamando o movimento “Vidas Negras Importam” (Black Lives Matter) de um “movimento de ódio racista”. Ele foi expulso da associação.

Para chegar a seu novo quadro de eleitores, a HFPA explicou que agora contarão como votantes de fora dos EUA e que o grupo de votação é composto de “52% de mulheres, 51,5% racial e etnicamente diverso, com 19,5% latinos, 12% asiáticos, 10% negros e 10% do Oriente Médio”.

Trata-se da concretização de mudanças anunciadas há algum tempo.

Em agosto, a atual presidente da HFPA, Helen Hoehne, enviou a um grupo de agentes de talentos uma longa lista recapitulando as reformas realizadas pelo HFPA, que incluem um Manual de Ética – após várias denúncias de assédio sofridos por astros de Hollywood – e um Diretor de Diversidade.

Mas o mais importante é que o Globo de Ouro deixou de ser iniciativa exclusiva da HFPA. Com a crise, a entidade que organiza o evento foi vendida para a empresa de investimentos Eldridge Industries, que também assumiu a propriedade da Dick Clark Productions, a produtora de longa data da premiação.

Por conta disso, o dono da Eldridge Industries, Todd Boehly, atua como CEO interino do HFPA desde outubro de 2021.

Entretanto, essa aquisição foi bastante criticada, porque abre a oportunidade de a HFPA deixar de ser uma organização sem fins lucrativos.

De todo modo, mesmo essas mudanças talvez não sejam suficientes para reestabelecer a confiança na HFPA, cuja credibilidade foi colocada em cheque após um escândalo de corrupção e racismo em seus quadros vir à tona. Especialmente porque as mudanças não foram unânimes. Cerca de um quarto dos próprios membros da entidade votou contra as propostas e outros questionaram a sinceridade da organização e se demitiram.

Ou seja, embora a cerimônia tenha sido marcada, isso não significa necessariamente um retorno à normalidade.

A 80ª edição do Globo de Ouro foi marcada para o dia 10 de janeiro de 2023, uma terça-feira. A escolha da data se deve ao fato de o domingo anterior estar ocupado com um jogo de futebol da NFL e o seguinte com a premiação do Critics Choice Awards. A cerimônia terá exibição simultânea nos EUA na rede de TV NBC e no serviço de streaming Peacock.