O ator Brendan Fraser foi às lágrimas na première de “A Baleia” (The Whale), após o filme receber sete minutos de aplausos do público no Festival de Veneza na noite de sábado (4/9). Visivelmente emocionado, ele foi cercado pelo público do festival com pedidos de autógrafos e abraços.
A recepção da crítica também exaltou o trabalho do ator, que já foi um dos mais bem-pagos dos anos 1990, na época da franquia “A Múmia”, mas vinha trabalhando mais na TV que no cinema nos últimos anos.
Falando na entrevista coletiva do filme no início do dia, Fraser disse que estava “ansioso para ver se este filme causará uma profunda impressão em todos, tanto quanto causou em mim”.
Em “A Baleia”, ele vive Charlie, o professor de 270 quilos que não sai de casa e tenta se reconciliar com a filha adolescente, interpretada por Sadie Sink (de “Stranger Things”).
O filme inteiro se passa dentro do apartamento de Charlie, que tem muita dificuldade de levantar-se e movimentar-se pela casa.
Para viver o personagem, o ator ganhou peso, mas seu tamanho desproporcional foi resultado de muita maquiagem prostética e um traje especial. Fraser confessou até que teve que reaprender a andar com o peso do “corpo” postiça. “Sentia vertigem quando o traje era removido. Tenho empatia por quem tem um corpo assim. É preciso ser uma pessoa forte fisicamente e mentalmente”, apontou.
Falando à imprensa internacional, o diretor Darren Aronofsky contou ter passado dez anos tentando encontrar o ator certo para o papel, incluindo alguns grandes astros. “Nada funcionou”, disse Aronofsky, até ver o trailer de uma produção que Fraser rodou no Brasil, chamada “12 Horas Até o Amanhecer” (2006). “Na hora, uma luz se acendeu”, disse ele.
Para confirmar, Aronofsky decidiu colocar Brendan Fraser para fazer uma leitura com Sadie Sink, que já tinha sido escalada – porque o cineasta a considera sua “atriz jovem favorita”. “Ver os dois juntos me deixou arrepiado”, disse o diretor.
A personagem de Sink é uma adolescente revoltada chamada Ellie, que se surpreende ao reencontrar o pai e ver, além de sua gordura, que ele é um homem bondoso e amoroso. “Na primeira cena, Ellie tem muito a dizer, pois na sua cabeça Charlie é um vilão”, disse a atriz. “Ela não esperava alguém que gosta dela, que demonstra cuidado. Não esperava um pai amoroso. Cada cena é uma batalha. Ellie recebe provas de que está errada, mas não quer estar, porque não costuma estar errada em relação às pessoas.”
Essa diferença de visões foi que inspirou Aronofsky a querer filmar a peça original de Samuel D. Hunter.
“O cinismo está vivo no filme, mas em guerra com a visão de Charlie”, explicou. “Essa é a razão pela qual eu quis fazer o filme. É a mensagem mais importante para colocar no mundo agora. Todos estamos nos apoiando no cinismo e no lado sombrio, e não precisamos disso.”
Após sua estreia em Veneza, “A Baleia” será exibido no Festival de Toronto, no Canadá, antes de seu lançamento comercial nos EUA em 9 de dezembro. Ainda não há previsão para a estreia no Brasil.
Veja abaixo toda a emoção de Fraser ao receber o reconhecimento do público.
Ver a Brendan Fraser llorar por la ovación de 6 minutos que recibió por su última película y recordar que ha luchado contra la depresión, sobrepeso, la muerte de su mamá, lesiones, divorcio, un abuso por parte de un periodista y que logró regresar… 👏🏻pic.twitter.com/tZ1YhWz32q
— Mario Mojica Cuello (@mariomojc) September 4, 2022