Presidente da DC Films ameaçou deixar Warner após fiasco de “Batgirl”

As tensões nos bastidores da Warner Bros. Discovery foram às alturas após a decisão da chefia do conglomerado de engavetar o filme da “Batgirl”, com repercussões muito maiores que o descontentamento da […]

Divulgação/Warner Bros.

As tensões nos bastidores da Warner Bros. Discovery foram às alturas após a decisão da chefia do conglomerado de engavetar o filme da “Batgirl”, com repercussões muito maiores que o descontentamento da protagonista e dos diretores.

Segundo apurou a revista The Hollywood Reporter, o presidente da DC Films, Walter Hamada, ameaçou se demitir por ter sido “atropelado” e chegou a consultar seus advogados sobre como proceder.

Citando uma “fonte com conhecimento da situação”, a publicação afirma que, após se reunir com os executivos do conglomerado, Hamada acabou concordando em permanecer no cargo até o dia 21 de outubro, data de lançamento do filme “Adão Negro”, estrelado por Dwayne Johnson. Mas já teria se declarado demissionário e, após essa data, não pretende mais continuar na empresa.

Além do fiasco de “Batgirl” e declarações do CEO da WBD, David Zaslav, que contrariam os planos de streaming da DC Films, Hamada estaria descontente por especulações públicas na imprensa sobre a busca de outro nome para comandar a divisão de mídia da DC. Ou seja, para seu cargo.

Zaslav já deixou claro o seu desejo de reestruturar os filmes da DC. Durante apresentação do desempenho trimestral da WBD ao mercado, na quinta-feira (4/8), ele justificou o cancelamento de “Batgirl” como forma de valorizar os super-heróis da DC – incluindo Batman, Superman e Mulher-Maravilha – como peças centrais para a estratégia de conteúdo mais ampla da empresa. “São marcas conhecidas em todo o mundo”, disse ele.

O CEO foi enfático ao elogiar os próximos lançamentos de super-heróis, dizendo que “Adão Negro”, “Shazam! Fúria dos Deuses” e até “The Flash” “são incríveis” e que a WBD pode “fazer ainda melhor” no futuro. Mas não no streaming. A ênfase de sua gestão será em lançamentos cinematográficos.

O que se subentende disso é que “Batgirl” não era forte o suficiente para ser lançado nos cinemas, mas muito caro para ter um simples lançamento em streaming. Portanto, a empresa optou por dar baixa no projeto, como forma de cortar os seus custos – que ainda seriam altos na hora de somar publicidade e divulgação. E não consultou Hamada sobre isso!

Fontes do Hollywood Reporter dizem que Hamada só ficou sabendo da decisão durante uma exibição teste de “Adão Negro”. Ele teria ficou muito incomodado por não ter sido consultado e preocupado com o impacto da decisão sobre os envolvidos na realização do filme, que poderia repercutir em outros projetos do estúdio.

A decisão a respeito de “Batgirl” também se estenderia a outros projetos da DC para streaming, implodindo filmes esperados pelos fãs. Além disso, ninguém sabe até onde os cortes chegaram em relação às séries. Zaslav já andou reclamando da produtividade de J.J. Abrams, com quem a antiga WarnerMedia fechou um contrato milionário, e que está à frente de produções da DC que parecem estacionadas em eterno desenvolvimento.

Vale lembrar que Hamada assumiu a função de presidente da DC em 2018, logo após o fracasso de “Liga da Justiça” (2017), com o objetivo de restaurar a credibilidade da marca. Sob a sua tutela, a DC passou a produzir filmes que fizeram enorme sucesso, surpreendendo o mercado no caso de “Coringa” (2019), e sem vínculos com um universo mais amplo, como “Batman” (2022), ao mesmo tempo em que deu sequência às produções derivadas do filme do grupo dos super-heróis, como “Aquaman” e “Mulher-Maravilha 1984”.

Também foi ele quem trouxe James Gunn para comandar “O Esquadrão Suicida” (2021) e criar a bem-sucedida série “Pacificador” – e antes disso, foi vice-presidente executivo de produção da New Line, onde também supervisionou franquias de sucesso, como os terrores “Invocação do Mal” e “It – A Coisa”.

Mas Hamada também se envolveu em polêmicas, acusado de tentar calar as acusações de Ray Fisher (o Ciborgue) sobre o ambiente tóxico nos bastidores das refilmagens de “Liga da Justiça”, e de buscar limar Amber Heard de “Aquaman 2”.

Seu contrato valia até 2023 e tudo indicava que não seria renovado.