Estreias: “Predador”, “Lightyear” e os melhores filmes pra ver em casa

As plataformas de streaming disputam a atenção do público com títulos inéditos no cinema e a estreia de “Lightyear”. Por coincidência, a produção da Pixar chega junto do lançamento da nova animação […]

Divulgação/Star+

As plataformas de streaming disputam a atenção do público com títulos inéditos no cinema e a estreia de “Lightyear”. Por coincidência, a produção da Pixar chega junto do lançamento da nova animação do ex-chefe do estúdio, “Luck”. Mas o lançamento mais surpreendente é uma produção live-action: “Predador: A Caçada”, quinto filme da franquia sci-fi dos anos 1980. Feito para o streaming, é melhor que todos os filmes recentes do monstro alienígena exibidos no cinema e talvez supere até o original, estrelado por Schwarzenegger. Disparada, a maior surpresa da semana.

A programação ainda traz a reconstituição dramática do resgate de 12 crianças isoladas numa caverna submersa da Tailândia, que foi notícia em todo o mundo em 2018, além de produções nacionais, ação chinesa e títulos cinéfilos. Confira abaixo as dicas dos 10 principais lançamentos para ver em casa.

 

 
 

| O PREDADOR: A CAÇADA | STAR+

 

O quinto filme da franquia sci-fi “Predador” foi produzido para lançamento exclusivo em streaming, mas é provavelmente o melhor de toda a franquia. Sua abordagem é completamente diferente das anteriores, apresentando um combate entre o caçador alienígena e uma tribo Comanche.

A trama se passa 300 anos atrás e destaca uma protagonista feminina, uma guerreira menosprezada por sua tribo por ser mulher, mas que enfrenta ursos e se descreve como especialista em sobrevivência. A personagem tem o melhor desenvolvimento de todos os que já enfrentaram o Predador. A interpretação de Amber Midthunder (a Rosa de “Roswell, New Mexico”) também se destaca no elenco composto apenas por atores nativo-americanos e das nações originárias. A escalação faz da sci-fi um trabalho mais representativo que muitos westerns convencionais.

O roteiro foi escrito por Patrick Aison, mais conhecido por séries de ação e espionagem (como “Jack Ryan” e “Treadstone”), e a produção foi rodado totalmente sem alarde em Calgari, no Canadá, com direção de Dan Trachtenberg.

“O Predador: A Caçada” é apenas o segundo longa de Trachtenberg, que deu uma sumida após estrear com a ótima sci-fi “Rua Cloverfield, 10” há seis anos. Desde então, ele filmou quatro episódios de séries – “Black Mirror”, “The Boys” e os pilotos da já cancelada “The Lost Symbol” e da vindoura “Waterworld” (baseada no filme homônimo). Mas seu talento foi novamente confirmado com a nova produção, que atingiu mais de 90% de aprovação no Rotten Tomatoes.

 

| LIGHTYEAR | DISNEY+

 

Em seu filme solo, o famoso personagem de “Toy Story” não é um brinquedo, mas um astronauta de verdade. Na trama, ele embarca numa aventura sci-fi legítima – e bem convencional – com direito a viagem no espaço e no tempo, ao “infinito e além”, que mostra a origem de seu conflito com o vilão Zurg e principalmente o primeiro beijo lésbico da história da Disney – que ocasionou o banimento do filme em países conservadores.

Para diferenciar a produção dos filmes de “Toy Story”, o personagem mudou de design e até de voz. Dublador oficial de Buzz Lightyear na franquia dos brinquedos, Tim Allen deu lugar a Chris Evans, o Capitão América do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel). No Brasil, também houve mudança, com o apresentador Marcos Mion assumindo a dublagem de Guilherme Briggs.

A direção é de Angus MacLane, animador da Pixar que co-dirigiu “Procurando Dory” e também já trabalhou com “Toy Story” – assinou dois curtas da franquia e animou “Toy Story 3”.

Apesar de competente e muito bem feito em sua proposta de aventura, o filme não teve um desempenho comercial comparável às produções de “Toy Story”. Muitos acreditam que o público ficou esperando o lançamento na Disney+, após a empresa acostumar seus assinantes com títulos exclusivos da Pixar em streaming durante a pandemia. Pois bem, aí está.

 

| LUCK | APPLE TV+

 

Depois de guiar a Pixar e a Disney às alturas, e ser dispensado por mau comportamento – e supostamente traumatizar as fadinhas do estúdio – o produtor John Lasseter, criador de “Toy Story”, “Carros” e midas da animação, tenta a volta por cima com o primeiro lançamento de sua nova fase, à frente da recém-criada divisão de animação do estúdio Skydance. Mas sua primeira produção desde “Os Incríveis 2” e “WiFi Ralph: Quebrando a Internet” (ambos de 2018) foi considerada medíocre pela crítica – 50% de aprovação no Rotten Tomatoes. A combinação de traços da originalidade das obras de Pixar com bichinhos falantes de toda produção Disney tradicional não deu a liga desejada.

A trama segue uma mulher chamada Sam Greenfield, a pessoa mais azarada do mundo, que sem querer descobre a desconhecida “Terra da Sorte”, embarcando em uma jornada para conseguir um pouco de sorte. Só que humanos não são bem-vindos no lugar, o que a leva a juntar forças com algumas criaturas mágicas para realizar seu plano, entre elas Bob, um gato preto sortudo, que na dublagem nacional ganhou a voz do humorista Gregório Duvivier (do Porta dos Fundos).

Já os dubladores originais são Eva Noblezada (“Rosa Amarela”) como Sam, Jane Fonda (“Grace & Frankie”) como um dragão, Flula Borg (“O Esquadrão Suicida”) como um unicórnio chamado Jeff, Whoopie Goldberg (“Star Trek: Picard”) como Capitão, Lil Rel Howery (“Free Guy”) como Marv e Simon Pegg (“Missão Impossível: Efeito Fallout”) como o gato Bob.

A direção é de Peggy Holmes, conhecida por “Tinker Bell: O Segredo das Fadas”, um dos filmes de fadinhas que o produtor tanto gostava.

 

| TREZE VIDAS – O RESGATE | PRIME VIDEO

 

O drama conta a história real do salvamento de 12 jovens jogadores de futebol tailandeses e seu treinador de uma caverna inundada. O incidente aconteceu em 2018 e chamou atenção do planeta inteiro, atraindo mais de 10 mil voluntários, que se uniram a um grupo internacional de especialistas para organizar e executar um dos resgates mais ousados e perigosos de todos os tempos.

A trama se concentra na equipe de mergulhadores, os mais habilidosos e experientes do mundo, que foram capazes de navegar pelo labirinto de túneis de cavernas estreitos e inundadas para encontrar os jovens, sem saber se eles tinham sobrevivido à enchente nem quanto tempo tinham de vida.

O roteiro é de William Nicholson (indicado ao Oscar por “Gladiador”), a direção de Ron Howard (“Han Solo: Uma História Star Wars”) e o elenco destaca Viggo Mortensen (“Green Book”), Colin Farrell (“Batman”), Joel Edgerton (“Obi-Wan Kenobi”), Tom Bateman (“Morte no Nilo”) e Josh Helman (“Mad Max: Estrada da Fúria”).

 

| NA PRAIA DE CHESIL | PARAMOUNT+

 

O romance de época estrelado por Saoirse Ronan (“Lady Bird”) em 2017 nunca foi exibido nos cinemas brasileiros, apesar de sua passagem elogiada por festivais. Adaptação do best-seller “Na Praia”, de Ian McEwan, foi a segunda vez que Saoirse filmou um drama baseado na obra do escritor. A anterior foi “Desejo e Reparação” (2007), que rendeu sua primeira indicação ao Oscar, como Atriz Coadjuvante aos 13 anos de idade.

A história se passa em 1962 e acompanha Florence (Ronan), uma jovem e talentosa violinista, que sonha com uma carreira profissional e uma vida perfeita ao lado de Edward (Billy Howle, de “Dunkirk”), um jovem estudante de História. Os dois formam um casal lindo, que tiveram um cortejo tradicional e chegam ao casamento virgens. Mas as núpcias não acontecem como um deles esperava, já que a polidez aristocrática de Florence era na verdade um escudo contra sua profunda aversão ao sexo heterossexual convencional. Ela faz uma proposta. Só que ele é um homem de seu tempo. Daquele tempo. E chegado a explosões de fúria.

Dirigido por Dominic Cooke (minissérie “The Hollow Crown”), o filme ainda inclui no elenco Anne-Marie Duff (“As Sufragistas”), Adrian Scarborough (série “Crashing”), Emily Watson (“Cavalo de Guerra”) e Samuel West (“O Destino de uma Nação”).

 

| BALAS VOANDO | VOD*

 

Também inédito nos cinemas brasileiros, o estilizado thriller chinês de 2012 combina uma encenação de época com muita ação, efeitos, investigação criminal e um mistério supostamente sobrenatural, em torno de uma “bala fantasma”. A trama se passa na Xangai dos anos 1930, em meio a uma série de assassinatos misteriosos numa fábrica de munição. Com um detalhe: todas as vítimas são mortas com balas que desaparecem. Song Donglu (Ching Wan Lau, de “Legião de Heróis”), um detective meticuloso, e seu parceiro Guo Zhui (Nicholas Tse, de “Vírus Letal”), o atirador mais rápido na cidade, iniciam uma investigação sobre os casos misteriosos.

O visual caprichado evoca grandes produções de Hollywood, especialmente os filmes de “Sherlock Holmes” de Guy Ritchie, onde o detetive cerebral descarta a explicação sobrenatural para encontrar a base científica por trás de uma suposta maldição do além. Dirigido por Law Chi-Leung (“Prazer de Matar”), o filme foi indicado em 12 categorias da principal premiação de cinema de Hong Kong e fez sucesso suficiente na China para ganhar uma sequência em 2015.

 

| EDUARDO E MONICA | GLOBOPLAY

 

Depois de passar pelo VOD, o casal que ficou conhecido pela música cantada por Renato Russo em 1986 chega ao streaming por assinatura. Na trama, Gabriel Leone (“Dom”) e Alice Braga (“A Rainha do Sul”) vivem um casal tão diferente que jamais poderia dar certo. Ao mesmo tempo em que romantiza as diferenças entre eles, o filme também mostra que a realidade é dura para os românticos incorrigíveis.

Premiado como Melhor Filme Internacional no Festival de Edmonton, no Canadá, o romance moderno tem direção de René Sampaio, que já tinha levado outra música da Legião Urbana para o cinema, “Faroeste Caboclo” (2013). Por sinal, o elenco coadjuvante inclui um integrante da adaptação anterior, Fabricio Boliveira – além de Victor Lamoglia (“Socorro! Virei uma Garota”), Otávio Augusto (“Hebe”), Bruna Spinola (“Impuros”) e Ivan Mendes (“Me Chama de Bruna”).

 

| CARRO REI | CLARO TV+, VIVO PLAY, VOD*

 

Vencedor do último festival de Gramado, o filme de Renata Pinheiro combina fantasia e realismo para contar a história de Uno (o novato Luciano Pedro Jr), que tem esse nome em referência ao carro em que nasceu, a caminho da maternidade. O automóvel é considerado como um melhor amigo pelo jovem, e quando uma nova lei proíbe a circulação de carros antigos, Uno busca uma solução com seu tio, um mecânico com ideias mirabolantes, vivido por Matheus Nachtergaele (“Trinta”). Juntos, os dois transformam o antigo automóvel num carro novo, o Carro Rei, tão avançado que interage com humanos, comunicando-se e demonstrando sentimentos, além de fazer seus próprios planos.

Além de levar o Kikito de Melhor Filme, “Carro Rei” também foi contemplado em Gramado com as estatuetas de Melhor Trilha Musical (DJ Dolores), Melhor Direção de Arte (Karen Araujo) e Melhor Desenho de Som (Guile Martins), além de render um Prêmio Especial do Júri para Matheus Nachtergaele.

 

| MEMÓRIA | MUBI

 

Vencedor da Palma de Ouro de 2010 com “Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas”, o tailandês Apichatpong Weerasethakul voltou a ser consagrado no Festival de Cannes com este filme, vencedor do Prêmio do Júri do ano passado. “Memória” também marca a estreia em inglês e espanhol do cineasta e foi rodado na Colombia.

O filme acompanha Jessica, personagem da inglesa Tilda Swinton (“Doutor Estranho”), que visita sua irmã em Bogotá. Lá, ela lida com ataques de insônia e procura a fonte de sons que lhe parecem sobrenaturais no meio da noite. Durante o dia, faz amizade com uma arqueóloga, que estuda restos humanos descobertos dentro de um túnel em construção, e com um escamador de peixes em uma pequena cidade próxima. Com eles, compartilha memórias e momentos de lirismo característicos das obras do diretor, que retrata a linha tênue entre a vida e a morte – e o cinema e o sonho – com nenhum outro.

 

| MEDO | FILMICCA

 

Representante da Bulgária no Oscar 2022, a comédia absurda de Ivaylo Hristov (“Perdedores”) segue uma viúva (Svetlana Yancheva, de “T2: Trainspotting”) que perdeu o emprego como professora e mora próxima à fronteira com a Turquia, onde refugiados aparecem com frequência. Um dia, ela encontra um refugiado africano, que está tentando chegar à Alemanha. Relutante, ela lhe oferece hospitalidade, até que um vínculo se desenvolve, criando uma revolta entre os demais moradores da região. As cenas de preconceito são tão exageradas que chegam a ser cômicas, mas logo dão lugar a um enfrentamento, quando a professora quebra as barreiras da solidão, da mente fechada e do medo do estranho.

Rodado em preto e branco, o filme venceu sete prêmios em festivais internacionais, inclusive o troféu principal do Tallinn Black Nights, na Estônia, e o prêmio do público no Festival de Sofia, na própria Bulgária.

 

 

* Os lançamentos em VOD (video on demand) podem ser alugados individualmente em plataformas como Apple TV, Google Play, Microsoft Store, Loja Prime e YouTube, entre outras, sem necessidade de assinatura mensal.