Anne Heche tem morte cerebral declarada

A família e os amigos de Anne Heche esperavam um milagre após o terrível acidente de carro da atriz na sexta-feira passada (5/8). Ele não veio, e agora seus parentes mais próximos […]

Divulgação/MUBI

A família e os amigos de Anne Heche esperavam um milagre após o terrível acidente de carro da atriz na sexta-feira passada (5/8). Ele não veio, e agora seus parentes mais próximos estão tomando a difícil decisão de desligar seu suporte de vida. Ela teve morte cerebral declarada.

A atriz está sendo mantida com respiração artificial até que seja determinado se algum órgão não danificado no acidente e no incêndio subsequente pode ser doado.

“Queremos agradecer a todos por seus desejos gentis e orações pela recuperação de Anne, e agradecer à equipe dedicada e às enfermeiras maravilhosas que cuidaram de Anne no Grossman Burn Center no hospital West Hills”, disse um representante da família de Heche em comunicado.

“Infelizmente, devido ao seu acidente, Anne Heche sofreu uma grave lesão cerebral anóxica e permanece em coma, em estado crítico. Não se espera que ela sobreviva”.

“Há muito tempo é sua escolha doar seus órgãos e ela está sendo mantida em suporte de vida para determinar se algum deles é viável”, continua o texto.

“Anne tinha um coração enorme e tocou a todos que conheceu com seu espírito generoso. Mais do que seu talento extraordinário, ela viu espalhar bondade e alegria como o trabalho de sua vida – especialmente movendo a agulha para a aceitação de quem você ama. Ela será lembrada por sua honestidade corajosa e fará muita falta por sua luz.”

Heche foi hospitalizada após o carro que ela dirigia bater em uma casa e pegar fogo na área de Mar Vista, em Los Angeles. Cerca de 60 bombeiros combateram o incêndio causado pela colisão. A atriz sofreu queimaduras graves e entrou em coma, sem nunca se recuperar.

A polícia de Los Angeles conseguiu um mandado para realizar a coleta de sangue após evidências sugerirem que Heche poderia estar sob efeito de drogas ou álcool no momento do acidente, e traços de cocaína e fentanil foram encontrados no sangue da atriz.

Segundo o site TMZ, a suspeita surgiu após testemunhas descreverem que a atriz fez manobras irregulares e imprudentes na rua. Um vídeo também a flagrou quase atropelando uma pedestre. Além disso, antes de seu acidente mais grave, ela bateu num carro estacionado na garagem de um complexo de apartamentos. Ao ser socorrida por moradores, deu marcha à ré e acelerou para fugir do local, vindo em seguida a bater com o veículo de frente numa casa, numa colisão que se provou fatal.

Ela havia recentemente encerrado as filmagens do telefilme “Girl In Room 13”, do canal pago Lifetime, que explora o submundo sombrio da indústria de tráfico humano. Amy Winter, vice-presidente executiva e chefe de programação da Lifetime Networks, disse que o filme será exibido em setembro, conforme planejado. “Este projeto é importante para Anne, assim como para cada um de nós”, disse Winter.

A atriz de 53 anos tinha uma longa carreira em filmes e séries, iniciada nos anos 1980 na novela “Outro Mundo”.

Após sua participação na novela, ela teve uma trajetória impressionante em Hollywood nos anos 1990, participando de vários filmes de grande orçamento. Só no ano de 1997, esteve nas telas em obras como “Volcano: A Fúria”, “Donnie Brasco”, “Mera Coincidência” e “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado”. No ano seguinte, ainda estrelou o remake de “Psicose”, no papel eternizado por Janet Leigh, e “Seis Dias, Sete Noites”, no qual foi par romântico de Harrison Ford. Este filme deveria consagrá-la como estrela de primeira grandeza. Só que, durante a produção, ela assumiu seu namoro com a comediante Ellen DeGeneres.

Se hoje é absolutamente natural ver estrelas lésbicas em grandes filmes de Hollywood, há 25 anos a saída do armário praticamente decretou o fim da carreira cinematográfica de Heche. E isto se deu da forma mais preconceituosa possível, com direito a questionamentos da imprensa sobre a química improvável da atriz com Harrison Ford durante seu filme.

O relacionamento com Ellen terminou em 2000 e, um dia depois rompimento, Heche foi encontrada desorientada no deserto, nos arredores da cidade de Fresno, na Califórnia, dizendo se chamar Celestia (Celeste é seu nome do meio) e estar procurando por sua espaçonave.

O surto colou na atriz a fama de desequilibrada e poderia ter sido o fim de carreira de uma mulher mais frágil. Mas ela usou a má fama para lançar uma biografia em 2001, que batizou de “Call Me Crazy” (Pode me chamar de louca, em tradução literal). No livro, ela também relata sua infância pobre e as mortes do pai, que era gay enrustido, pela AIDS, e do irmão num acidente de carro, que pode ter sido suicídio.

Logo em seguida, ela se revelou bissexual, ao se casar com um assistente de câmera, com quem teve um filho, e, mais tarde, com James Tupper, seu par romântico na série “Men in Trees”, com quem teve outro filho. A série de 2006, por sinal, fez bastante sucesso, apesar de durar apenas duas temporadas, antecipando um modelo de trama reprisado até hoje, veja-se “Virgin River” na Netflix.

Com “Men in Trees”, ela deu a volta por cima, reinventando-se como estrela de TV. Depois, também fez “Hung”, “Dig”, “Quantico”, “Aftermath”, “The Brave” e “Chicago PD”, entre muitas outras atrações, e acabou retornando para o cinema, ainda que em papéis coadjuvantes – participou de comédias como “Um Negócio Nada Seguro” (2011), “Meus Dias Incríveis” (2012) e “A Última Palavra” (2017), onde atuou com a veterana Shirley MacLaine.

Ele deixa cinco filmes inéditos, em fase de pós-produção, e um último papel numa série, “The Idol”, criada por The Weeknd, que será lançada em breve na HBO.