UCCONX viraliza nas redes sociais como maior fiasco geek do Brasil

O UCCONX, anunciado como grande evento de cultura pop, começou nesta quinta (27/7) viralizando nas redes sociais. Mas não pelos motivos desejáveis. A primeira notícia foi o cancelamento da principal atração: Millie […]

Twitter/Ju

O UCCONX, anunciado como grande evento de cultura pop, começou nesta quinta (27/7) viralizando nas redes sociais. Mas não pelos motivos desejáveis.

A primeira notícia foi o cancelamento da principal atração: Millie Bobby Brown, a Eleven de “Stranger Things”, prevista para participar no sábado (30/7) e domingo (31/7). Em um primeiro comunicado, a organização do evento informou que ela não pode viajar porque testou positivo para Covid-19. Horas depois, veio outro comunicado, citando que o motivo do cancelamento da atriz foi “por conta de compromissos profissionais, além do risco de exposição a covid-19”.

Em seguida, começaram a surgir as fotos do interior do Complexo do Anhembi em São Paulo. Em vez de estandes temáticos, com comércio e muita interação entre o público e artistas, as imagens destacaram um enorme espaço vazio com poucas pessoas.

A entrada, que custava pelo menos R$ 125 (meio ingresso), mas podia ultrapassar R$ 5 mil no pacote mais Vip, prometia muitas atrações e estandes. Mas as fotos mostraram que os estandes de lojas e da Artists Alley, área dedicada a quadrinistas e ilustradores, não foram ocupados. Em pouco tempo, as reclamações sobre falta do que fazer no evento se transformaram em acusações de golpe.

Não faltaram comparações com o Fyre Festival, evento de música que prometia um festival de luxo numa ilha paradisíaca e entregou acomodações em barracas mambembes e cancelamentos das atrações. O fiasco do Fyre foi tão grande que rendeu processo e dois documentários – um deles disponível na Netflix.

Se as imagens do Anhembi levantavam desconfianças, logo vieram relatos de ex-funcionários da organização, que usaram as redes sociais para denunciar escândalos. Karla Tomaz, por exemplo, começa sua postagem no Twitter dizendo que trabalhou “muito tempo na organização do evento e no final levei um golpe de meses sem receber”.

“Foram anos de promessas vazias e pagamento atrasado. Até que os diretores sumiram de vez”, ela denunciou. “A minha carreira e a minha vida foram abaladas de um jeito que ainda não consegui recuperar. Então, pra quem vai pro evento amanhã: saibam que vocês estão financiando uma organização que deu golpe em muita gente”.

Outro ex-funcionário, Hugo Melo, contou que na época do anúncio da pré-venda dos ingressos (outubro de 2021), “o site não estava apto, o sistema não estava pronto, não tínhamos atrações confirmadas, nada. Não era a hora de anuncia a pré-venda”.

Ele contou que que a origem da UcconX data de 2019, quando “dois amigos resolveram entrar no segmento geek, apesar de não saberem nada sobre o universo geek. Aos trancos e barrancos, foram atraindo pessoas para o projeto, inclusive o outro sócio. Esse sócio ficou responsável pela parte comercial e trouxe para o evento um investidor conhecido de longa data que investiu R$ 8 milhões. Com dinheiro no bolso, começaram a gastar adoidados”.

“Em poucos meses, o dinheiro acabou, o que gerou repercussões graves. O investido, chocado […], processou os sócios criminalmente”, acrescentou.

“O cancelamento da Millie e do George Takei são só o começo”, acusou. “Daqui para domingo a UCCONX vai entrar para a história, muito bem batizada de o FYRE FESTIVAL GEEK. Meu conselho para todos os lesados como eu: vão atrás de seus direitos, ainda que não dê em nada, não podemos deixar que esses caras saiam impunes”.

O Universal Creators Conference Experience (UCCONX) é produção de uma empresa homônima, criada para o evento, mas neste ano o projeto passou para as mãos da BBL, especializada em eSports. A BBL informou que sua responsabilidade seria sobre a próximo (próxima!) edição.

Veja abaixo alguns comentários e registros do evento no Twitter.