A atriz Guta Stresser, que viveu Bebel na série “A Grande Família” (2001-2014), revelou ter sido diagnosticada com esclerose múltipla. “Perdi o chão na mesma hora. Nem sabia direito o que era aquilo, só que afetava o cérebro, e só isso me soou aterrorizante”, ela disse, em entrevista à revista Veja.
A atriz de 49 anos contou ter percebido os primeiros sinais da doença autoimune quando participou da “Dança dos Famosos”, em 2020. “Durante os ensaios, eu passava a coreografia e, quando terminava, não lembrava de mais nada, nada mesmo. Não entendia o motivo, sempre tive facilidade para essas coisas. Com esforço, porém, consegui avançar na competição e não dei mais muita atenção para aqueles lapsos”, afirmou.
“Mas meu quadro foi se agravando. Comecei a esquecer palavras bem básicas, como copo e cadeira. Se ficava duas horas parada assistindo a um filme na TV, logo sentia dores musculares. Tinha formigamentos frequentes nos pés e nas mãos, enxaquecas fortíssimas e variações de humor. O pior era um zumbido constante no ouvido. Parecia que havia ali um fio desencapado, provocando um curto-circuito na minha cabeça – algo como tzuin, tzuin”, continuou.
“Cheguei a pensar que poderia ser Covid-19 ou sintomas relacionados à menopausa, já que estou entrando nessa fase. E aí levei um tombo na sala de casa que me acendeu um alerta. Resolvi procurar um otorrinolaringologista, achando que o problema poderia se resumir a uma questão de equilíbrio. Em princípio, ele disse que estava tudo certo, mas insisti para realizar uma ressonância magnética. Feito o exame, recebi enfim o diagnóstico: esclerose múltipla”, revelou a artista.
“Trabalhar como atriz significa, literalmente, colocar o corpo a serviço do ofício. É preciso ter controle absoluto dos movimentos, gestos, expressões e emoções para construir um personagem. É um trabalho que depende ainda da capacidade de memorizar o texto e as marcações de câmera, ou de palco, determinadas pelo diretor. Foi com estranhamento e angústia que percebi que algumas dessas habilidades começaram a falhar no meu dia a dia”, contou.
“Tive muito medo. Pela minha cabeça se desenrolava um filme em que eu ficava completamente incapacitada. Passei a ter um pesadelo recorrente: imóvel, sem conseguir falar, tentava avisar meu companheiro que, apesar do corpo comprometido, meu raciocínio estava lá, preservado. Desesperador. Mas, com a ajuda do neurologista, entendi que diagnóstico não é sentença e que, apesar da doença não ter cura, ela tem, sim, tratamento”, continuou ela.
Guta precisa utilizar um remédio de alto custo, que por sorte é distribuído pelo SUS (Sistema Único de Saúde). “O medicamento me mantém equilibrada, sem crises. Também passei a cuidar mais de mim. Hoje pratico ioga, mudei a alimentação para melhor e faço todo tipo de exercício para o cérebro – de leitura de livros a palavras cruzadas. Mais recentemente, incluí no tratamento óleo de CBD, um derivado de maconha que é felizmente legalizado e tem se revelado promissor”.
“Depois do diagnóstico, refiz a ressonância magnética e os resultados foram muito bons, indicando um quadro estável. Desde os 13 anos, me entendo como atriz. Não posso me render de jeito nenhum. Sei que vou ter de conviver com a esclerose múltipla para o resto da vida. Que ela seja longa e plena. Cada dia que passa tem aquele gosto de uma pequena vitória”, completou.