O ator Matthew McConaughey, que chegou a considerar a candidatura para governador do Texas, resolveu se manifestar nas redes sociais a respeito do massacre que aconteceu na terça-feira (24/5) em sua cidade natal, Uvalde, quando um adolescente armado matou 19 crianças e dois professores em uma escola primária.
“Como todos sabem, houve outro tiroteio em massa, desta vez na minha cidade natal de Uvalde, Texas”, iniciou o texto. “Mais uma vez, provamos tragicamente que não estamos sendo responsáveis pelos direitos que nossas liberdades nos concedem”.
O ator vencedor do Oscar, então, pediu aos americanos que dessem uma “longa e profunda olhada no espelho” em relação ao novo episódio e acrescentou: “O que realmente valorizamos? Como reparamos o problema? Que pequenos sacrifícios podemos fazer individualmente hoje, para preservar uma nação, um estado e um bairro mais saudáveis?”.
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Por fim, Matthew pediu o fim das desculpas e pediu para que a população pare de aceitar “essas realidades trágicas como o status quo”. “Ações devem ser tomadas para que nenhum pai tenha que experimentar o que os pais em Uvalde e os outros antes deles sofreram”.
Que ações? Ele não diz.
Vários outros protestos do gênero aconteceram ao longo do dia. Todos indignados. Como acontecem sempre, toda vez que um novo massacre de crianças acontece, porque “essas realidades trágicas” são sim o status quo dos EUA.
Um dos discursos menos difusos foi do presidente Joe Biden, que apontou o dedo para o problema sem rodeios floreados. Em entrevista coletiva, horas depois do massacre na escola de Uvalde, Biden questionou por qual razão outros países não têm incidentes com armas de fogo na mesma proporção e frequência dos Estados Unidos.
“Quando, pelo amor de Deus, vamos enfrentar o lobby das armas?”, indagou o presidente, de forma clara. “Por que estamos dispostos a viver com essa carnificina? Por que continuamos deixando isso acontecer?”
“A ideia de que um garoto de 18 anos pode entrar em uma loja de armas e comprar dois armamentos pesados é completamente errada”, disse Biden, que já havia pedido a proibição da venda de armas de assalto e a exigência de requisitos federais mais rígidos, como a verificação de antecedentes, para maior controle de armas nos EUA.
“Perder um filho é como ter um pedaço de sua alma arrancado”, disse Biden, que perdeu dois filhos por razões não relacionadas à violência com armas. “Há um vazio em seu peito. Você sente que está sendo sugado e nunca vai conseguir sair.”
Ele pediu que o país ore pelas vítimas e famílias do atentado, mas pediu empenho para evitar a próxima tragédia. “É hora de transformar essa dor em ação”, disse ele, sugerindo pressão popular sobre o poder legislativo.
Vários congressistas americanos são financiados pela indústria armamentista para impedir restrições nas leis que facilitam massacres de crianças e terrorismo doméstico. No Brasil, também há políticos envolvidos com o lobby armado, que têm jorrado armas de fogo nas ruas brasileiras. Eles são conhecidos pela denominação pouco sutil de Bancada da Bala.
Pelo menos 19 crianças, uma professora e um adulto não identificado morreram após um rapaz de 18 anos, que estudou no colégio, entrar armado e fazer diversos disparos na terça-feira (24), na Robb Elementary School, uma escola de Ensino Fundamental, localizada na cidade de Uvalde, no Texas. Múltiplos feridos ainda estão sendo atendidos em duas unidades de saúde da região e o assassino foi morto durante a ação da polícia local.
Uvalde, Texas, USA. pic.twitter.com/0iULRGtREm
— Matthew McConaughey (@McConaughey) May 25, 2022