Awkwafina se desculpa por sotaque negro do começo da carreira e sai do Twitter

A atriz e comediante Awkwafina decidiu abandonar o Twitter após uma velha polêmica sobre seu apropriação do sotaque negro voltar aos tópicos mais comentados nos últimos dias. Antes de ficar conhecida por […]

Divulgação/Comedy Central

A atriz e comediante Awkwafina decidiu abandonar o Twitter após uma velha polêmica sobre seu apropriação do sotaque negro voltar aos tópicos mais comentados nos últimos dias.

Antes de ficar conhecida por filmes como “Oito Mulheres e um Segredo” (2018), “Podres de Ricos” (2018), “A Despedida” (2019), “Jumanji: Próxima Fase” (2019) e “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” (2021), Awkwafina tentou a carreira como rapper, usando expressões associadas à fala negra (“AAVE”, sigla que significa Inglês Vernacular Afro-Americano, também conhecido como “ebonics”) e abusando de forte sotaque supostamente negro (“blaccent”).

A polêmica retornou após um artigo na revista Vice, escrito por Bettina Makalintal.

“Enquanto pegava emprestados elementos da cultura negra para fazer um nome para si mesma, a mulher nascida como Nora Lum performou uma série de esterótipos racistas para parecer legal. Por meio disso, ela construiu seu nome e se transformou de uma rapper viral da internet em uma atriz aclamada pela crítica.”

Vale lembrar que Awkwafina nasceu e cresceu no Queens, em Nova York, um bairro classe média de grande presença negra – Run-DMC veio de lá. E ela detalha sua origem e influências numa série de sucesso, “Awkwafina Is Nora from Queens”.

Diante da repercussão do artigo da Vice, ela publicou um comunicado se desculpando e anunciou sua saída do Twitter.

“Existe um contexto socio-político para tudo, especialmente da comunidade negra deste país”, escreveu a atriz. “Estamos falando de um grupo afetado de forma desproporcional por políticas institucionais e pela força da lei, tudo isso enquanto vêem sua cultura sendo apropriada para ganhos monetários sem respeito por suas origens”.

“Mas devo enfatizar: zombar, menosprezar ou ser indelicado de qualquer maneira possível às custas dos outros: Simplesmente. Não. É. Minha. Natureza. Nunca foi e nunca será”, continuou.

“Na vida, apropriações linguísticas e a globalização da internet interpretam um papel na linha tênue entre ofensa e cultura pop”, acrescentou. “Como uma pessoa de cor não-negra, reafirmo que sempre vou ouvir e trabalhar para entender o contexto histórico do AAVE, o que é apropriado e o que não é a respeito de qualquer grupo marginalizado.”

Ela atribui seu uso de “blaccent” à sua própria origem imigrante, ambiente escolar público, consumo de TV e cinema, bem como seu “respeito pelo hip-hop”.

“Acho que, como grupo, os americanos asiáticos ainda estão tentando descobrir o que essa jornada significa para eles, o que é correto e onde eles não pertencem”, disse ela, “e embora eu ainda esteja aprendendo e fazendo esse trabalho pessoal, tenho certeza de que quero passar o resto da minha carreira sem fazer nada além de elevar nossas comunidades. Fazemos isso primeiro falhando, aprendendo, reconhecendo, ouvindo e tendo empatia, e continuarei incansavelmente a fazer exatamente isso.”

Para completar, ela anunciou sua saída do Twitter “por alguns anos”, mas avisou que continuará presente em todas as “outras plataformas que não sugerem que eu me mate”, porque “não agredi ninguém bêbada para virar fugitiva”.