O ator Dwayne Hickman, que estrelou a sitcom juvenil “The Many Loves of Dobie Gillis” nos anos 1960, morreu na manhã deste domingo (9/1) em sua casa em Los Angeles devido a complicações da doença de Parkinson. Ele tinha 87 anos.
Hickman começou a carreira como ator mirim nos anos 1940. Trabalhando em Hollywood desde os seis anos de idade, ele chegou a coadjuvar em quatro filmes do cachorro Rusty a partir de “Fidelidade” (1946), além de ter figurado em clássicos como “O Menino de Cabelos Verdes” (1948) e “Monstro de um Mundo Perdido” (1949). Mas só foi se destacar ao virar adolescente e migrar para a televisão.
Uma de suas figurações aconteceu em “Somente o Céu Sabe” (1947), ao lado do comediante Bob Cummings. E mesmo sem receber créditos no filme, ele acabou causando uma boa impressão no protagonista, que lembrou dele e o convidou a viver seu sobrinho, o adolescente Chuck, em sua primeira série, “The Bob Cummings Show”. Foi o primeiro papel importante de Hickman, que durou cinco temporadas entre 1955 e 1959.
Ele emendou este desempenho com seu papel mais lembrado, vivendo o personagem-título de “The Many Loves of Dobie Gillis” por quatro temporadas, de 1959 a 1963.
A comédia romântica entrou para a história da TV por ter sido a primeira série focada no universo dos adolescentes. Até então, nenhuma produção televisiva tinha esse foco, apresentando adolescentes apenas como coadjuvantes de tramas centradas em suas famílias, como “Papai Sabe Tudo” e “Leave It to Beaver”.
“Dobie Gillis” também inovou ao incorporar elementos da cultura juvenil de sua época, particularmente a Geração Beat, apresentando uma versão estereotipada de “beatnik”, vivido por Bob Denver (futuro astro de “A Ilha dos Birutas”) como melhor amigo do protagonista. O elenco também incluía a futura estrela da Disney Tuesday Weld e o futuro astro de Hollywood Warren Beatty.
O sucesso da série projetou o jovem ator, que passou a estrelar vários filmes nos anos 1960, entre eles a comédia de western “Dívida de Sangue” (Cat Ballou, 1965) ao lado de Jane Fonda e alguns títulos da Turma da Praia, incluindo “Como Rechear um Biquini” (1965), “Festa no Gelo” (1965) e “A Máquina de Fazer Bikini” (1965).
Mas a carreira cinematográfica não foi duradoura. Seu estilo de bom moço se tornou antiquado em meio à chegada dos hippies e a radicalização política da década, e depois de “Doutor, O Sr. Está Brincando!” (1967), com Sandra Dee, ele acabou perdendo espaço nas telas.
Anos depois, Hickman disse que a busca de uma namorada por Dobie Gills, tema recorrente dos episódios de sua série, representou “o fim da inocência dos anos 1950 antes da revolução dos anos 1960 que se aproximava”.
A partir do final da década, ele iniciou uma rotina de convidado em séries, aparecendo em episódios de atrações tão diferentes quanto “A Noviça Voadora” e “Kolchak e os Demônios da Noite”.
Sem nunca mais recuperar a popularidade, Hickman ainda aproveitou-se da nostalgia gerada pelo fenômeno televisivo de “Happy Days” nos anos 1970 para resgatar “Dobie Gills” em duas oportunidades. Ele participou de um especial de reunião do elenco, “Whatever Happened to Dobie Gillis?”, em 1977, e estrelou um telefilme sobre o destino do personagem, “Bring Me the Head of Dobie Gillis”, em que apareceu como um pai de família, casado com a garota que o perseguia na escola, Zelda Gilroy (Sheila James Kuehl).
No final de sua carreira, ele ainda coadjuvou a comédia “Os Estragos de Sábado à Noite” (1998), com Will Ferrell, e teve participação recorrente na série “As Patricinhas de Beverly Hills” (Clueless, 1996–1999).
Hickman casou-se com a atriz Joan Roberts (da série “A Recruta Benjamin”) em 1983, teve um filho e nos últimos anos dedicava-se à pintura.