O Taliban odeia o cinema. Mas há filmes que ajudam a explicar o terror que seu fanatismo religioso representa. Selecionamos 13 documentários, dramas, animações e até uma comédia que ajudam a entender como o Talibã chegou ao poder no Afeganistão, a opressão que ele exerce sobre a população e o que pensam realmente os afegãos comuns sobre a situação.
Para dar dimensão da complexidade do tema, um partido político nanico do Brasil chegou a comemorar a retomada do Afeganistão pelos talibãs como uma vitória contra o imperialismo ianque. Estrelado por Tom Hanks, “Jogos do Poder” lembra que foi o tal “imperialismo ianque” que armou os fanáticos contra os comunistas soviéticos nos anos 1980. Muitos devem lembrar que até Rambo lutou ao lado dos mujahidins (combatentes) do Afeganistão em “Rambo III”, seis anos antes de iniciaram sua ofensiva em 1994 para instalar o Emirado Islâmico no país com armas e financiamento americanos.
Quem pinta o Talibã como o pior regime do mundo não é Hollywood. São cineastas afegãos e muçulmanos de outros países, em sua maioria. O documentário “The Forbidden Reel” lembra que os talibans não só proibiram o cinema, como mandaram queimar todos os arquivos de filmes existentes no país, destruindo a memória cinematográfica afegã. “Frame by Frame” reforça que nem fotografia era permitida. E “Midnight Traveler” (exibido nos cinemas brasileiros como “O Viajante da Meia-Noite”) registra a jornada de um cineasta em fuga com sua família do próprio país para não ser executado.
Os noticiários dos últimos dias mostraram como a população afegã se desesperou como a volta do Talibã e se amontoou no aeroporto de Kabul, gerando imagens chocantes. O filme “Neste Mundo” já acompanhava, em 2002, a história de fuga de um adolescente afegão em meio ao cerco dos radicais. Dirigido pelo inglês Michael Winterbottom, era uma obra de ficção, mas seu intérprete, o jovem Jamal Udin Torabi, realmente percorreu a odisseia descrita na tela em sua vida real.
O terror é muito real. A ativista Malala Yousafzai, pessoa mais jovem a ser laureada com um prêmio Nobel, tornou-se mundialmente conhecida por desafiar o fanatismo talibã no Paquistão, segundo país com a maior quantidade de seguidores dessa vertente radical. Tudo o que ele fez foi ir a escola. Bastou para enfurecer os intolerantes que organizaram um atentado à sua vida num ônibus escolar.
Sob o Talibã, mulheres não podem estudar nem trabalhar. Muito menos mostrar os rostos, os pés, as mãos, qualquer parte do corpo. Precisam usar burcas de cor uniforme, porque qualquer diferença sinalizaria vaidade, o que é pecado mortal.
Filmes como “Osama” e “Às Cinco da Tarde” mostram protagonistas femininas durante e depois do primeiro domínio talibã no Afeganistão. Para até crianças compreenderem o tamanho da intolerância, as animações “A Ganha-Pão” e “Os Olhos de Cabul” mostram de forma clara o impacto do fanatismo sobre as famílias afegãs.
Quando decide abordar a situação, Hollywood prefere ressaltar o heroísmo americano com filmes de guerra. A maioria exagera, como é típico do cinema americano, mas vale destacar “Posto de Combate” por dar uma dimensão mais realista ao conflito – e como a propalada vitória nunca aconteceu realmente, ajudando a explicar a facilidade com que o Talibã recuperou terreno no país.
Veja abaixo sugestões com trailers destes e outros filmes. São 13 no total, um número que muitos associam ao horror.
Todos os títulos estão disponíveis em plataformas devidamente identificadas abaixo de cada citação. Títulos em inglês significam que as buscas nos serviços devem ser feitas com o nome original da produção. Vale observar que o MUBI tem disponibilidade rotativa – apesar do grande acervo, só abre acesso a um punhado de destaques por vez.