Brasileiro “A Última Floresta” vence prêmio do público do Festival de Berlim

O público do Festival de Berlim celebrou a qualidade do cinema brasileiro neste domingo (20/6) com a premiação de “A Última Floresta”, de Luiz Bolognesi, com o troféu de Melhor Filme da […]

Divulgação/Gullane

O público do Festival de Berlim celebrou a qualidade do cinema brasileiro neste domingo (20/6) com a premiação de “A Última Floresta”, de Luiz Bolognesi, com o troféu de Melhor Filme da Mostra Panorama. O longa nacional disputava com 15 produções de diferentes países e se provou o favorito dos frequentadores da Berlinale, que este ano se dividiu em duas fases devido à covid-19.

Por causa da pandemia, a 71ª edição do tradicional festival alemão teve uma primeira mostra virtual em março, exclusiva para o júri e a crítica, que consagrou o romeno “Bad Luck Banging or Loony Porn”, de Radu Jude, com a Palma de Ouro, e uma “mostra de verão”, com as primeiras exibições públicas dos filmes selecionados durante este mês de junho.

Escrito por Bolognesi em parceria com o xamã Davi Kopenawa, “A Última Floresta” mostra a luta dos yanomamis no Norte da Amazônia contra o avanço criminoso dos garimpeiros sobre suas terras.

“O prêmio é extremamente importante para chamar atenção para esse genocídio indígena que está acontecendo no Brasil”, comentou Bolognesi à imprensa em Berlim, registrado por “O Globo”. “No momento, os yanomamis estão sob ataque de garimpeiros. Já foram três aldeias atacadas com tiros e bombas, e o governo não toma as medidas legais para retiriar os garimpeiros invasores e nem sequer proteger os indígenas”, denunciou.

A narrativa, porém, combina denúncia social com o universo mágico dos yanomani, que acreditam que o mundo dos sonhos é real. Com isso, muitas cenas aludem à crenças e explicitam a agonia de um povo dividido entre as tradições e o perigo de mantê-las diante de um inimigo perigoso.

“A Última Floresta” foi o segundo filme de Bolognesi sobre a luta dos brasileiros nativos premiado no Festival de Berlim. Ele já tinha recebido uma uma menção honrosa em 2018 pelo documentário “Ex-Pajé”, que mostrou o drama de um líder indígena subjugado por religiosos evangélicos.

O público votou em peso no filme brasileiro, que foi recebido com aplausos avassaladores, conforme o próprio diretor registrou em seu Instagram. E também na produção local “Mr. Bachmann and his class”, de Maria Speth, uma fábula de inclusão na qual uma professora carismática ajuda seus alunos, que vêm de diferentes países, a se sentirem em casa na Alemanha. “Mr. Bachmann” venceu o troféu do público entre os filmes da mostra principal.

Segundo a Berlinale, 5.658 votos foram computados.

A vitória de Luiz Bolognesi em Berlim aconteceu um dia após outra conquista importante do cinema brasileiro na Europa, com a premiação do longa animado “Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente”, de Cesar Cabral, no sábado (19/6) no Festival de Annecy, na França.