Produtor da Warner impediu Regé-Jean Page de estrelar série por ser negro

Uma longa reportagem da revista The Hollywood Reporter sobre as acusações de Ray Fisher contra a Warner Bros. revelou que Geoff Johns, quando foi presidente da DC Entertainment entre 2010 e 2018, […]

Instagram/Regé-Jean Page

Uma longa reportagem da revista The Hollywood Reporter sobre as acusações de Ray Fisher contra a Warner Bros. revelou que Geoff Johns, quando foi presidente da DC Entertainment entre 2010 e 2018, impediu os produtores da série “Krypton” de escalar Regé-Jean Page (o futuro Duque de Hastings de “Bridgerton”) como protagonista da série “Krypton” por ser negro.

De acordo com fontes da THR, Johns teria citado especificamente o fato de Page ser negro como impedimento para que ele interpretasse o papel.

“Krypton”, que ficou no ar entre 2018 e 2019, contava as aventuras de Seg-El, avô de Kal-El (o futuro Superman), antes da destruição de seu planeta. O papel acabou interpretado por Cameron Cuffe, um ator branco.

Representantes de Johns responderam à acusação dizendo que o produtor achou, na época, que os fãs esperariam um ator “que se parecesse com um jovem Henry Cavill” no papel de Seg-El. Em outras palavras, os fãs não aprovariam um negro como avô de Superman.

Mas este não teria sido o único problema de escalação em “Krypton”. Johns também teria vetado a possibilidade do personagem Adam Strange, um herói interpretado por Shaun Sipos, ser retratado como gay ou bissexual. O personagem, que viaja do futuro para avisar Seg-El sobre o ataque do vilão Brainiac (Blake Ritson) e contar a ele sobre os feitos do seu neto, é heterossexual nos quadrinhos.

Na série, supostamente por determinação de Johns, a sexualidade de Strange é apenas sugerida. O personagem é visto sorrindo para um soldado nu do sexo masculino em uma cena de “Krypton”, mas também tem uma breve conversa com Alanna, seu interesse romântico nos quadrinhos, que implica um passado entre eles.

“Geoff celebra e apoia personagens LGBTQIAP+, incluindo a Batwoman, que voltou aos quadrinhos em 2006, como uma mulher lésbica, em uma série coescrita por ele”, comentaram os representantes do produtor, sem citar o caso específico relatado na matéria.

O THR ainda cita a roteirista Nadria Tucker, que tuitou em 24 de fevereiro: “Não falo com Geoff Johns desde o dia em que ele tentou me dizer o que é e o que não é uma coisa negra”. Procurada para esclarecer o comentário, ela disse que Johns impediu que o penteado de uma personagem negra fosse mudado em cenas que aconteceram em dias diferentes. “Eu disse que nós, mulheres negras, tendemos a mudar nosso cabelo com frequência. Não é estranho, é uma coisa negra”, ela afirmou. “E ele disse: ‘Não, não é’. ”

O porta-voz de Johns respondeu que a preocupação do produtor era sobre continuidade. “O que eram notas de continuidade padrão para uma cena estão sendo comentadas de uma forma que não é apenas pessoalmente ofensiva para Geoff, mas para as pessoas que sabem quem ele é, conhecem o trabalho que ele fez e conhecem a vida que ele vive, pois Geoff conhece pessoalmente, em primeira mão, os efeitos dolorosos dos estereótipos raciais em relação ao cabelo e outros estereótipos culturais, tendo sido casado por uma década com uma mulher negra e por sua segunda esposa ser asiática-americana, assim como seu filho, que é mestiço”.

A reportagem ainda sugere que as fontes da reportagem não foram ouvidas na investigação iniciada pela Warner para apurar as acusações de Fisher sobre os bastidores de “Liga da Justiça”, que terminaram supostamente enquadrando apenas o diretor Joss Whedon, responsável pelos problemas iniciais com o elenco. Supostamente, porque o nome de Whedon não foi apontado na conclusão dos trabalhos. Em comunicado oficial, o estúdio disse apenas: “A investigação da WarnerMedia sobre o filme da ‘Liga da Justiça’ foi concluída e medidas corretivas foram tomadas”.

Dias antes, Whedon tinha anunciado que estava se afastando de “The Nevers”, série que ele criou e que estreia no domingo (11/4) na HBO.

Geoff Johns, por sua vez, continua à frente da série “Stargirl”, que ele criou, baseando-se em quadrinhos que ele também escreveu, além de ter trabalhado, após “Liga da Justiça”, nos roteiros de “Aquaman” e “Mulher-Maravilha 1984”.