Voltando aos eventos presenciais com público reduzido na noite de domingo (25/4), a cerimônia do Oscar 2021 mudou seu palco habitual, evocando um salão de festas na estação de trem Union Station, em Los Angeles. O clima mais intimista permitiu maiores improvisos e naturalidade. Em compensação, a distribuição dos convidados em mesas lembrou o Globo de Ouro, e o ambiente descontraído resultou em agradecimentos mais longos que o habitual. A sucessão de falas só foi aliviada brevemente quando Glenn Close resolveu dançar um rap clássico, criando um momento antológico.
Além de discursiva, a cerimônia também buscou confirmar expectativas e premiar os filmes que todos esperavam. Mas não deu o prêmio mais cantado, de Chadwick Boseman como Melhor Ator por “A Voz Suprema do Blues”. Anthony Hopkins ficou com o troféu por “Meu Pai”. O que não pode ser considerado injusto, mas causou desconforto desnecessário graças a uma mudança estratégica na ordem da apresentação dos troféus. A entrega por último do Oscar de Melhor Ator sugeria um encerramento diferenciado, concebido como forma de homenagear Boseman. Entretanto, faltou combinar com os eleitores. Foi um grande anticlímax.
Dormindo na hora da premiação, que não teve discursos, Hopkins fez história. Aos 83 anos, tornou-se o ator mais velho premiado pela Academia.
Vitórias como a da chinesa Chloé Zhao, segunda mulher a receber o troféu de Melhor Direção – por “Nomadland” e 11 anos após o feito de Kathryn Bigelow com “Guerra ao Terror” – e de Yuh-jung Youn, primeira sul-coreana a vencer um Oscar de interpretação, como Melhor Atriz Coadjuvante por “Minari”, além do Oscar para as primeiras mulheres negras (Mia Neal e Jamika Wilson) na categoria de Maquiagem e Cabelo pelo filme “A Voz Suprema do Blues”, também se destacaram numa cerimônia que avançou a agenda progressista de inclusão em Hollywood.
Ao todo, 17 troféus foram conquistados por mulheres, um recorde na Academia, superando os 15 de 2019, até então a maior quantidade de vitórias femininas.
Graças ao terceiro Oscar da carreira de Frances McDormand, “Nomadland” também se tornou o filme mais premiado da noite, com três troféus. Um deles, o prêmio principal: Melhor Filme do ano – culminando uma trajetória vencedora que começou em setembro do ano passado com o Leão de Ouro no Festival de Veneza.
Em geral, porém, os prêmios foram bem divididos, numa pulverização que não permitiu que nenhuma produção abrisse grande vantagem sobre as demais.
Confira abaixo a lista completa dos vencedores do Oscar 2021.
Melhor Filme
“Nomadland”
Melhor Direção
Chloé Zhao, por “Nomadland”
Melhor Ator
Anthony Hopkins, por “Meu Pai”
Melhor Atriz
Frances McDormand, por “Nomadland”
Melhor Ator Coadjuvante
Daniel Kaluuya, por “Judas e o Messias Negro”
Melhor Atriz Coadjuvante
Yuh-jung Youn, por “Minari”
Melhor Roteiro Original
Emerald Fennell, por “Bela Vingança”
Melhor Roteiro Adaptado
Christopher Hampton & Florian Zeller, por “Meu Pai”
Melhor Fotografia
Erik Messerschmidt, por “Mank”
Melhor Figurino
Ann Roth, por “A Voz Suprema do Blues”
Melhor Trilha Sonora
Jon Batiste, Trent Reznor & Atticus Ross, por “Soul”
Melhor Canção Original
“Fight for You” – H.E.R. (“Judas e o Messias Negro”)
Melhor Design de Produção
Donald Graham Burt e Jan Pascale, por “Mank”
Melhor Edição
Mikkel E.G. Nielsen, por “O Som do Silêncio”
Melhores Efeitos Visuais
Andrew Jackson, David Lee, Andrew Lockley e Scott Fisher, por “Tenet”
Melhor Cabelo & Maquiagem
Sergio Lopez-Rivera, Mia Neal, Jamika Wilson, por “A Voz Suprema do Blues”
Melhor Som
Nicolas Becker, Jaime Baksht, Michelle Couttolenc, Carlos Cortés e Phillip Bladh, por “O Som do Silêncio”
Melhor Documentário
“Professor Polvo”
Melhor Filme Internacional
“Druk – Mais uma Rodada” (Dinamarca)
Melhor Animação
“Soul”
Melhor Curta-metragem
“Dois Estranhos”
Melhor Curta-metragem de Animação
“Se Algo Acontecer… Te Amo”
Melhor Documentário em Curta-metragem
“Colette”