Crise no Globo de Ouro: Hollywood ameaça acabar com prêmio

Denunciado por corrupção e racismo, o Globo de Ouro atravessa uma crise sem precedentes. Após uma reportagem do Los Angeles Times trazer à tona o histórico de subornos e a completa ausência […]

Divulgação/HFPA

Denunciado por corrupção e racismo, o Globo de Ouro atravessa uma crise sem precedentes. Após uma reportagem do Los Angeles Times trazer à tona o histórico de subornos e a completa ausência de integrantes negros em seus quadros, a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês) tem recebido pressão da imprensa e entidades sociais para realizar uma reformulação completa em sua premiação.

Mas o que era ruim ficou pior.

Dependente da participação de celebridades para justificar o acordo milionário de transmissão de seu evento na rede NBC, a HFPA foi surpreendida na segunda-feira (15/3) por uma carta assinada pelas 100 maiores agências de talentos de Hollywood e da Europa, que ao ser aberta revelou um ultimato. Se não houverem mudanças e se elas não forem significativas, as agências sugerem que não permitirão que seus contratados – basicamente, todas as estrelas de cinema e TV – participem de atividades da HFPA. Isto inclui o Globo de Ouro 2022.

Em resumo: ou HFPA muda já ou o Globo de Ouro não será transmitido no ano que vem.

Para apressar as mudanças, as agências anunciaram que seus clientes foram desautorizados de realizar entrevistas com integrantes da HFPA. Muitos membros da associação usam a influência do Globo de Ouro para conseguir acesso a estrelas para entrevistas exclusivas. Com a proibição, o trabalho dessas pessoas como correspondentes estrangeiros passa a ficar em risco.

Veja abaixo o que diz a carta bombástica.

“Representamos coletivamente a grande maioria dos artistas da indústria do entretenimento e apelamos à Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood para manifestar rapidamente mudanças profundas e duradouras para erradicar seu ethos excludente de longa data e a prática generalizada de comportamento discriminatório, não-profissional, eticamente inapropriado e a suposta corrupção financeira endêmica da HFPA, financiada pela Dick Clark Productions, MRC, NBCUniversal e Comcast.

Na última década, nossa indústria enfrentou um acerto de contas sísmico e começou a abordar seu fracasso em refletir e honrar a diversidade de nossa comunidade, mas não testemunhamos nenhuma esforço de responsabilidade, prestação de contas ou ação da HFPA, que continuou a autorizar a desigualdade sistêmica e mau comportamento flagrante. Concordamos coletiva e inequivocamente que a mudança transformadora em sua organização e em suas práticas históricas é essencial e totalmente realizável. Queremos fazer parte da solução.

Para refletir o quão urgente e necessário consideramos este trabalho, não podemos aceitar que nossos clientes participem de eventos ou entrevistas do HFPA enquanto aguardamos seus planos explícitos e cronograma para mudanças transformacionais.

Embora estejamos prontos para apoiar seus esforços de boa fé, saibam que qualquer mudança menos transparente e significativa que respeite e honre a diversidade e dignidade de nossos clientes, seus colegas e nosso público global resultará em danos imediatos e irreparáveis ​​ao relacionamento entre nossas agências, nossos clientes e aqueles que permitem a inquietação institucional e a cultura insular que define a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood atualmente.

Os olhos da indústria e daqueles que a apoiam estão abertos”.