O cineasta René Sampaio, diretor de “Faroeste Caboclo”, da série “Impuros” e do vindouro “Eduardo e Mônica”, estrelado por Alice Braga e Gabriel Leone, está sendo investigado pela PF (Polícia Federal) e o MPF (Ministério Público Federal) por fazer parte de suposto esquema irregular do prefeito de Niterói, Rodrigo Neves.
A Operação Transoceânica, deflagrada na manhã deste quarta (16/12), quebrou sigilos telefônico, bancário e fiscal do diretor.
Agentes cumprem mandados de busca e apreensão referentes a supostas irregularidades nas obras da Transoceânica Charitas-Engenho do Mato, que ficou R$ 34 milhões mais cara do que o previsto, e contratos de publicidade firmados pelo governo municipal.
René Sampaio é um dos 11 investigados. Ele foi envolvido porque sua empresa, Fulano Filmes (nome fantasia da KRM), recebeu cerca de R$ 7 milhões com o pretexto de executar um serviço de assessoria de imprensa para a Prefeitura.
A Fulano Filmes possui como sócios René Sampaio de Honorário Ferreira e Krysse Mello Gonçalves, mas já teve em seu quadro societário Renato Pereira (ex-marqueteiro de Neves), todos alvos da investigação.
Segundo o MPF, “há registros de atuação em campanhas políticas, como a do ex-governador Sérgio Cabral e do próprio Rodrigo Neves, neste caso através da empresa Barry Company Produções Audiovisuais LTDA, cujo o quadro é composto pelos mesmos sócios da Fulano Filmes, Krysse e René”. A campanha de Neves teria pago R$ 1.748.000,OO milhão nas eleições de 2016 para o cargo de prefeito. No mesmo período, a prefeitura de Niterói pagou à Fulano Filmes cerca de R$ 7 milhões como contrapartida de uma assessoria de imprensa.
“Os registros sugerem a adoção de estratégia para simular um contrato de publicidade e justificar a movimentação de recursos públicos que, a pretexto de pagar por esses serviços de assessoria e publicidade, se prestariam, em verdade, ao enriquecimento ilícito dos investigados e até mesmo ao pagamento de campanha política de forma simulada para o então candidato Rodrigo Neves”, diz a denúncia do MPF.
A investigação pode levar ao adiamento de “Eduardo e Mônica”, que já está pronto – foi, inclusive, premiado no Festival de Edmonton, no Canadá, como Melhor Filme Internacional – , mas teve a estreia atrasada devido à pandemia. .
“Não quisemos exibir em festivais online com medo de acabar acontecendo alguma forma de pirataria. É uma obra feita para se ver junto com outras pessoas, dentro de uma sala de cinema, e ter aquela catarse coletiva. Tudo depende de como a pandemia irá se desenvolver”, disse Simões em outubro passado.