Estreias online: Volta de Borat é principal lançamento digital da semana

A programação de estreias digitais do fim de semana tem como grande destaque a volta do repórter mais conhecido do Cazaquistão. “Borat 2” – ou melhor, “Borat: Fita de Cinema Seguinte” – […]

Divulgação/Amazon

A programação de estreias digitais do fim de semana tem como grande destaque a volta do repórter mais conhecido do Cazaquistão. “Borat 2” – ou melhor, “Borat: Fita de Cinema Seguinte” – é tão esperado que chegou a entrar nos trending topics do Twitter antes mesmo da estreia, devido a uma cena polêmica envolvendo Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York, que atualmente é advogado e conselheiro do presidente dos EUA, Donald Trump. Mas o filme tem muito mais ultrajes a oferecer. A continuação deve agradar em cheio aos fãs do já clássico original de 2006.

O Top 10 ainda inclui o novo filme de Sofia Coppola, “On the Rocks”, o remake do suspense hitchcockiano “Rebecca, a Mulher Inesquecível”, a animação “A Caminho da Lua” e muitos documentários – metade da lista é composta por documentários.

Com a reabertura dos cinemas, o fluxo de lançamentos inéditos diminuiu nos sites de locação virtual, permitindo que as plataformas de streaming voltassem a se tornar o principal destino de quem busca por novidades. Além disso, há outro motivo para a falta dos frequentes títulos europeus de arte nesta semana.

As distribuidoras do setor estão prestigiando a realização online da Mostra de São Paulo, que começou a disponibilizar títulos na madrugada desta sexta (23/10) em sua nova plataforma digital, Mostra Play (https://mostraplay.mostra.org/). A seleção de filmes, que será exibida até 4 de novembro, também tem sessões no Spcine Play e Sesc Digital, além projeções presenciais, realizadas no Belas Artes Drive-In e no Sesc Drive-In (do Sesc Parque Dom Pedro).

Detalhe: os títulos disponibilizados no Spcine Play e no Sesc Digital podem ser assistidos de graça. Saiba mais.

Borat: Fita de Cinema Seguinte | EUA | 2020

O comediante Sacha Baron Cohen volta a azucrinar a direita americana na continuação de seu maior sucesso. Borat Sagdiyev, o repórter racista, antissemita e politicamente incorreto do Cazaquistão vem desta vez acompanhado pela filha (Maria Bakalova). E uma das sequências traz o personagem invadindo um evento do Partido Republicano, disfarçado de Donald Trump, para dar a filha para “Michael Pennis” – na verdade, Mike Pence, o atual vice-presidente dos EUA. O disfarce é um dos muitos usados por Cohen na continuação. O filme explica que Borat se tornou uma celebridade e não pode ir a todos os lugares sem ser reconhecido.

Lançado em 2006, o primeiro “Borat” deu certo justamente porque o comediante não era tão conhecido. Encarnando Borat Sagdiyev, um jornalista desajeitado da rede estatal de TV do Cazaquistão, ele desfilou seu inglês ruim e vários preconceitos com a desculpa de fazer um documentário sobre a vida nos EUA. E conseguiu convencer várias pessoas de que Borat era uma pessoa real, registrando suas reações no filme de pegadinha mais eficaz e engraçado de todos os tempos. Depois disso, o comediante usou tática semelhante para enganar conservadores famosos em seu programa de TV “Who’s America”, exibido nos EUA em 2018, sempre fingindo ser um personagem de extrema direita.

A “Fita de Cinema Seguinte” surge como uma mistura das duas abordagens, em que Cohen aparece como Borat e como Borat disfarçado de conservador radical, que convence americanos comuns a mostrarem o que tem de pior. Entre as visitas que registra, desta vez estão um “Centro de Saúde da Mulher”, que apesar do nome não é uma clínica que realiza abortos, mas o oposto disso, e locais para “quarentenas” de homens de direita.

Disponível na Amazon.

On the Rocks | EUA | 2020

A comédia marca uma nova colaboração entre o ator Bill Murray e a diretora Sofia Coppola, 17 anos depois do cultuado “Encontros e Desencontros”. A história é mais convencional que o trabalho anterior, centrado num enredo típico de Hollywood: a suspeita de infidelidade. Na trama, Murray vive o pai da personagem de Rashida Jones (“Parks and Recreation”). Numa conversa casual, ele pondera que o fato de seu genro estar sempre viajando a negócios pode, na verdade, ser o álibi de um caso. Plantando a semente da dúvida, convence a filha a acompanhá-lo numa tocaia pela noite de Nova York para confirmar se o marido dela (Marlon Wayans, de “Seis Vezes Confusão”) está mesmo sendo infiel. Sofia, que é filha do cineasta Francis Ford Coppola (“O Poderoso Chefão”), admite que baseou o personagem de Murray no próprio pai, e diz que o filme é uma “jornada divertida” concebida para estreitar os laços entre pai e filha.

Disponível na Apple TV+.

Rebecca, a Mulher Inesquecível | EUA | 2020

A nova versão do romance clássico de Daphne du Maurier traz Lily James (“Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo”) e Armie Hammer (“Me Chame pelo seu Nome”) nos papéis eternizados por Joan Fontaine e Laurence Olivier na obra-prima de Alfred Hitchcock, que venceu o Oscar de Melhor Filme em 1941. A trama conhecida, que combina história de amor, crime e mistério gótico, acompanha uma jovem que se apaixona e casa inesperadamente com um aristocrata, mas, ao chegar à imponente propriedade de seu marido na costa inglesa, descobre que terá que disputar atenção com um fantasma – ou melhor, a sombra de sua primeira esposa falecida, Rebecca, cuja lembrança opressiva continua a assombrar a mansão. A obra foi adaptada pela roteirista Jane Goldman (“Kingsman: O Círculo Dourado”) e dirigida por Ben Wheatley (“No Topo do Poder”). Mas não foi desta vez que a maldição cinéfila foi quebrada. Até hoje, nenhum remake de filme dirigido por Hitchcock jamais igualou o impacto – ou o sucesso – da filmagem original.

Disponível na Netflix.

A Caminho da Lua | EUA | 2020

Com um visual de CGI caprichado, a animação acompanha a história de Fei Fei, uma garota que cresceu com histórias românticas sobre a existência de uma mulher na lua, separada de seu grande amor há milênios. Conforme ela cresce e os adultos questionam sua fé na fábula, ela decide provar a todos que a história é real. Para isso, constrói um foguete em seu quintal capaz de levá-la até a lua. A direção é de Glen Keane, animador de clássicos da Disney, como “A Bela e a Fera” e “A Pequena Sereia”, e diretor do curta “Dear Basketball”, vencedor do Oscar 2018. Já o roteiro foi o último trabalho de Audrey Wells (“Quatro Vidas de um Cachorro”), que enfrentava uma doença terminal e quis deixar o filme como uma “carta de amor” para seu marido e sua filha, antes de falecer em 2018. O visual influenciado por animes – ou a versão Disney de animes, como “Operação Big Hero” – é completado por dublagens originais de estrelas asiáticas dos EUA, como Sandra Oh (“Killing Eve”), John Cho (“Star Trek”), Margaret Cho (“Drop Dead Diva”) e Phillipa Soo (“The Code”), além de Cathy Ang (vista na série “Ramy”), que dubla a protagonista. Mas vale avisar que se trata de uma produção à moda antiga, evocando a época pré-Pixar em que todo desenho era um musical repleto de canções.

Disponível na Netflix.

Kadaver | Noruega | 2020

Terror norueguês e pós-apocalíptico criado pelo jovem diretor de clipes musicais Jarand Herdal, “Kadaver” se passa após uma catástrofe nuclear e acompanha uma família faminta, que encontra esperança num hotel onde são oferecidos refeição grátis e espetáculo teatral para refugiados do caos. Aos poucos, os personagens passam a desconfiar de sua sorte, sem saber se estão sendo entretidos ou se são o entretenimento da noite.

Disponível na Netflix.

Bruce Springsteen’s Letter to You | EUA | 2020

O documentário registra mais que a gravação do novo disco de Bruce Springsteen. É a testemunha da amizade do cantor e sua banda, a E Street Band, que o acompanha desde o começo de sua carreira, há quase meio século. O Boss já tem 71 anos, mas o filme de Thom Zimny ​​o mostra tão vibrante quanto um jovem capaz de fazer facilmente uma live de quatro horas. Sua capacidade como compositor tampouco envelheceu, como mostram as novas canções, que marcam uma volta ao rock pulsante de sua juventude. Algumas músicas, de fato, datam dessa época. Mas ele não é mais o rebelde do “Born to Run”. Ele agora é um sábio, que discorre sobre a vida com a devida seriedade conferida por uma fotografia deslumbrante em preto-e-branco.

Disponível na Apple TV+.

A Nossa Bandeira Jamais Será Vermelha | Brasil | 2019

O título é uma ironia, já que o documentário apresenta a visão do PT sobre a grande imprensa no Brasil. Mas não é uma ironia eficaz, porque a denúncia feita por jornalistas da esquerda em depoimentos para a câmera é exatamente aquilo que a direita propaga, municiando o discurso de “globolixo” e a necessidade de fortalecer o que Bolsonaro chama de “minha imprensa”. No fundo, a tese do filme também serve para demonstrar como os ataques à imprensa brasileira unem os discursos dos extremos, denunciando o jornalismo profissional em nome de uma chamada “imprensa independente”, que é como se autodenominam os blogs de estimação do PT e dos Bolsonaros. Infelizmente, o longa não faz esta autocrítica – nisto, lembra um certo partido que nunca errou.

Disponível na Apple TV/iTunes, Looke, SKY Play e Vivo Play.

A Verdade da Mentira | Brasil | 2020

Concebido pela jornalista Petria Chaves para investigar como as estruturas de desinformação online operam no Brasil, o documentário serve de complemento para o popular “O Dilema das Redes”, focando-se na explosão de “narrativas alternativas” (fake news) no cenário nacional. Produzido para o canal pago History, tem duração de programa televisivo, com apenas 44 minutos.

Disponível na Now.

Fabiana | Brasil | 2018

O documentário acompanha a Fabiana do título, uma mulher trans que viaja o Brasil em seu caminhão há mais de 30 anos. Em sua última viagem antes da aposentadoria, ela reflete sobre sua vida e os momentos passados na estrada. O filme de Brunna Laboissière teve première no Festival de Rotterdam, na Holanda.

Disponível na Apple TV/iTunes, Google Play, Now, SKY Play, Vivo Play e YouTube Filmes.

Parceiros da Saúde | EUA | 2017

O documentário premiado acompanha a jornada de um grupo de médicos ativistas, cuja missão de salvar vidas no Haiti se transformou em uma luta global por saúde e justiça. Dirigido pela dupla Kief Davidson (diretor de “O Extermínio do Marfim”) e Pedro Kos (editor de “The Square”, indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2014), o longa tem 100% de aprovação no Rotten Tomatoes.

Disponível na Netflix.