Lady Gaga voltou à música dançante com o lançamento de “911”. A música segue a tendência atual do revival nu disco (pode chamar de electropop), num resgate do som consagrado na cena house francesa dos anos 1990, que deixou o underground para ter em Dua Lipa um de suas maiores representantes.
Melhor que a música é o clipe, literalmente delirante, dirigido por um especialista neste tipo de produção, o cineasta indiano Tarsem Singh, voltando a seus dias de “A Cela” (2000) e “Dublê de Anjo” (2006). Repleto de cenas surreais, com figurino audacioso e muita abstração, o vídeo evoca imagens oníricas, que, ao final, revelam vir de uma intersecção entre o consciente e o inconsciente da cantora.
Quando a cantoria termina, Lady Gaga troca os tons melódicos pelos gritos e a câmera revela cenas de um acidente de trânsito. Ela acorda cercada de paramédicos e, aos poucos, encontra os elementos “reais” que inspiraram seu devaneio, entre cartazes de festival de cinema armênio, transeuntes aleatórios, emblemas médicos, luzes piscantes, outdoor com propagandas turísticas – e com direito a publicidade descarada de uma certa marca de equipamentos eletrônicos.
Por curiosidade, a exposição das “pistas” segue um padrão de filme de suspense do estilo “whodunit” – como a cena final de “Os Suspeitos” (1995).
Música e acompanhamento visual seriam inspirados por um remédio antipsicótico que a cantora toma para não surtar.
“911” é o terceiro e melhor single de “Chromatica”, sexto álbum da cantora, lançado em maio passado.