Diretora diz que transexualidade inspirou Matrix

A intenção original de “Matrix” era ser uma grande alegoria sobre transexualidade, revelou Lilly Wachowski durante uma entrevista ao Netflix Film Club, um canal de YouTube dedicado aos filmes disponíveis na plataforma […]

Divulgação/Marner

A intenção original de “Matrix” era ser uma grande alegoria sobre transexualidade, revelou Lilly Wachowski durante uma entrevista ao Netflix Film Club, um canal de YouTube dedicado aos filmes disponíveis na plataforma de streaming.

Lilly e Lana Wachowski dirigiram o primeiro filme como “os irmãos Wachowski”, passando a virar irmãs apenas após o final da trilogia. Por conta disso, muitas pessoas na comunidade trans adotaram as ideias do longa como metáforas para suas existências, dando origem a várias teorias debatidas há anos nas redes sociais.

Agora, uma das autoras de “Matrix” assume que a ideia por trás da criação do universo da franquia veio realmente da exploração da identidade trans a partir da ficção científica.

Ela afirma que o filme “deveria servir como uma alegoria trans e utilizar a ficção-científica como uma forma de explorar as questões de identidade e evolução” e se diz agradecida por o público finalmente ter conversas sobre “Matrix” por esta ótica.

“Eu fico feliz que tenha se tornado aparente, esta foi a intenção original”, comentou Wachowski, que lembrou como em 1999, época do lançamento original, “o mundo não estava exatamente preparado” para algo assim “em um nível corporativo”, aludindo ao fato de “Matrix” ter sido produzido pelo estúdio Warner.

Um tópico do Twitter da Netflix cita o personagem principal do filme, Neo, como um bom exemplo da narrativa trans. Ele faz a transição de Thomas Anderson para Neo durante sua jornada.

Mas Wachowski diz que havia um exemplo mais claro. Ela citou Switch, um personagem do primeiro filme, como representante da intenção de o filme ser sobre transformação sexual. No roteiro original, o personagem mudou de gênero ao entrar na Matrix – um homem no mundo “real”, uma mulher em Matrix. A Warner Bros. rejeitou a ideia e decidiu que as pessoas teriam sempre o mesmo gênero no filme original.

Wachowski disse que sempre gostou de ficção científica como forma de explicar o que estava sentindo. “Estávamos existindo em um espaço onde as definições não existiam, então vivíamos sempre em um mundo de imaginação”.

A cineasta não está participando das filmagens atuais da nova continuação. “Matrix 4” está sendo comandado apenas por Lana Wachowski, assim como aconteceu com a série “Sense8”, que marcou a separação criativa das irmãs.

Atualmente em produção em Berlim, na Alemanha, “Matrix 4” tem previsão de estreia apenas para 2022.