Diretor de O Fórum explica porque Bolsonaro virou protagonista do filme

Marcus Vetter, diretor alemão do documentário “O Fórum”, recém-lançado em streaming no Brasil, contou porque escolheu Jair Bolsonaro, entre todos os líderes mundiais reunidos em Davos durante o Fórum Econômico Mundial do […]

Divulgação/Gebrueder Beetz Filmproduktion

Marcus Vetter, diretor alemão do documentário “O Fórum”, recém-lançado em streaming no Brasil, contou porque escolheu Jair Bolsonaro, entre todos os líderes mundiais reunidos em Davos durante o Fórum Econômico Mundial do ano passado, como personagem principal de seu filme.

Em entrevista para o jornal O Globo, o cineasta ponderou que, na edição anterior do Fórum, Teresa May, Emmanuel Macron e Donald Trump formavam o trio de candidatos anti-establishment. “Mas em 2019 Bolsonaro roubou o show”.

A participação do político brasileiro surgiu como contraponto ao impacto da pauta ambiental sobre as lideranças mundiais. Bolsonaro é retratado praticamente como vilão neste tema, devido aos incêndios na Amazônia e a percepção mundial de descaso em relação ao meio ambiente.

Uma das cenas, que viralizou nas redes sociais, traz o brasileiro passando vergonha diante de Al Gore, ex-vice presidente dos EUA e conhecido militante ambiental.

No trecho, Gore diz para Bolsonaro estar preocupado com a Amazônia. Mas o presidente brasileiro responde que quer explorar os recursos da floresta com os Estados Unidos. Al Gore não entende nada.

Vetter explicou como esta cena foi captada.

“Chegamos com a câmera e um captador de som de 3 metros perto dele e perguntamos se poderíamos filmar. Com ajuda de um tradutor, Bolsonaro respondeu: ‘Claro, sem problemas’. Ele estava isolado. Ninguém queria ficar perto do Bolsonaro”, contou.

“Assim que ligamos o som e o vídeo apareceu o Al Gore e perguntou sobre uma pessoa que Bolsonaro disse ser seu inimigo (Alfredo Sirkis, um dos fundadores do Partido Verde). Eu não sei se o Al Gore fez aquilo de forma proposital, como uma plataforma pessoal, já que ele viu a câmera e é um conhecido ativista do clima, ou se foi só uma gafe.”

Em relação ao fato de Bolsonaro representar atualmente o Brasil, Vetter acredita que se trata de reflexo de uma “era de extremos” e que o presidente brasileiro é “símbolo” disso. “Ele é um desses políticos que nascem de uma revolta difusa do povo contra o sistema. As pessoas que votam em Bolsonaro estão protestando, dizendo que ‘nós podemos mudar as coisas’ ou ‘nesse tipo de democracia nós tiramos vocês (a elite) do jogo’.”

“Bolsonaro é um sinal dos nossos tempos”, continua. “E isso deveria servir como reflexão para nós. Como o povo, ou pelo menos parte do povo, chega ao ponto de eleger uma pessoa dessas para liderar uma país inteiro?”, questionou.

Veja a cena da gafe de Bolsonaro abaixo.