A Netflix prepara uma série documental sobre o médium João de Deus, ao estilo de “Wild Wild Country”, a produção que contou a polêmica história do guru indiano Bhagwan Shree Rajneesh, conhecido como Osho. E não faltarão controvérsias para narrar a trajetória do guru brasileiro, atualmente condenado por abuso sexual de seguidoras.
Por quatro décadas, o médium goiano João de Deus realizou cirurgias e fez atendimentos espirituais no município de Abadiânia, em Goiás. Era tido como santo, mesmo diante de uma acusação de abuso de menor de 1980. A opinião pública só mudou em 2018, após centenas de mulheres virem à público revelar o constrangimento e abuso que sofreram nas mãos do médium. Ele foi julgado e condenado a 20 anos de prisão, que atualmente cumpre em regime domiciliar, devido à pandemia de covid-19, enquanto aguarda outros julgamentos.
A produção do documentário está a cargo da empresa Grifa Filmes e vai retratar a vida do médium desde a adolescência, quando ele diz ter visto uma santa, que o conduziu para o caminho do curandeirismo. Nestas quatro décadas, João atendeu cerca de 10 milhões de pessoas, incluindo ex-presidentes da República, ministros do Supremo e autoridades de diversas esferas do poder político.
Segundo a revista Veja, a produção vai pagar R$ 70 mil a João de Deus por seus arquivos pessoais. São fotos, documentos e gravações mostrando as curas. Ele também deve ser entrevistado para a atração. Na primeira conversa com a produtora, João negou que tenha assediado mulheres.
A Grifa Filmes já produziu dois documentários premiados, “The Cleaners” (2018), que conta os bastidores de profissionais que controlam e apagam conteúdos de redes sociais, e “Piripkura” (2017), que narra a luta pela sobrevivência dos três últimos índios da tribo que leva o mesmo nome.
Um dos proprietários da Grifa Filmes, Maurício Dias, afirmou que não pode falar sobre a série sobre João de Deus porque tem um contrato de sigilo com a Netflix. O título da série ainda não foi escolhido.