Atrizes de Riverdale reclamam da falta de diversidade da série

A discussão sobre racismo estrutural que tomou conta dos Estados Unidos nas últimas semanas não se restringe às marchas de protesto nas ruas. O tema também tem rendido denúncias de preconceito nos […]

Divulgação/The CW

A discussão sobre racismo estrutural que tomou conta dos Estados Unidos nas últimas semanas não se restringe às marchas de protesto nas ruas. O tema também tem rendido denúncias de preconceito nos bastidores de séries de TV. Depois que o comportamento de Lea Michele foi trazido à tona por ex-colegas de “Glee”, agora são atrizes de “Riverdale” que reclamam dos produtores pela falta de diversidade da série.

Tudo começou quando Vanessa Morgan, que interpreta Toni Topaz, divulgou um texto nas redes sociais em que condena a forma como pessoas negras são retratadas em filmes e séries.

“Cansada de como pessoas negras são retratadas na mídia, cansada de sermos retratados como bandidos perigosos ou pessoas raivosas e assustadoras. Cansada de também sermos usados como ajudantes não-dimensionais de nossos protagonistas brancos. Ou simplesmente utilizados como propaganda da diversidade, mas sem fazer parte do programa de verdade. [Racismo] Começa com a mídia. Não vou mais me calar”, ela postou.

Uma seguidora comentou o texto, mencionando que a personagem de Morgan em “Riverdale” cabia na descrição, usada na publicidade mas sem espaço na série. Além disso, Toni Topaz é negra e LGBTQ+ (sem mencionar latina), “dobrando” a diversidade da série sem que dobrassem seu salário. A atriz respondeu afirmando que é a única intérprete negra regular da série e também a que recebe o menor salário, escancarando o problema racial da produção.

Pouco depois, ela recebeu apoio de Asha Bromfield, intérprete de Melody Jones. Sua personagem fazia parte da banda Josie e as Gatinhas (Josie and the Pussycats), um trio musical negro que deixou de aparecer na série – enquanto a líder Josie McCoy (Ashleigh Murray) foi transferida para o spin-off “Katy Keene”, as demais foram simplesmente limadas da trama.

“Não posso nem começar a falar sobre como ‘Riverdale’ tratou as Pussycats. Tínhamos muito mais a contribuir do que ficar no fundo e adicionar ousadia ao enredo. Estou contigo”, escreveu Asha.

Morgan esclareceu, em seguida, que seu papel na série, a forma como sua personagem é escrita e quanto ela recebe de cachê não tem nada a ver com seus colegas de elenco, que a apoiam, e pediu para seus seguidores não criticá-los. “Eu sei que eles estão comigo”, acrescentou.

Foi a deixa para Lili Reinhart, intérprete de Betty Cooper e uma das estrelas da série, tuitar seu apoio a Morgan. “Nós amamos você, V. E apoiamos você 10000%”.

Vale lembrar que “Riverdale” é baseada nos quadrinhos de Archie, lançados nos anos 1940 e que demoraram décadas para ganhar coloração. O primeiro aluno negro da escola Riverdale High, Chuck Clayton, surgiu só em 1971. Ele também apareceu em “Riverdale”, vivido por Jordan Calloway (o Khalil de “Black Lightning”), mas em apenas seis episódios.

Já no universo expandido de Archie, o pioneirismo é de Valerie Smith/Brown, introduzida em 1967. Nos quadrinhos (e no desenho animado de 1970), ela era a única integrante negra da banda da ruiva Josie. Nesta comparação, a série se mostra mais diversificada que sua fonte original.

Outro detalhe: “Riverdale” transformou a morena Veronica Lodge numa adolescente latina, interpretada por Camila Mendes, filha de brasileiros, dando destaque à sua família latina na série.

A produção de “Riverdale” foi paralisada durante a pandemia de covid-19 e a série encerrou sua 4ª temporada antes do planejado. Ainda não há previsão para a retomada das gravações, mas a rede The CW pretende estrear a 5ª temporada em janeiro de 2021 nos EUA.