A rede The CW tem um novo sucesso em sua programação. E isto é um problema para a Warner.
A estreia de “Stargirl”, exibida na terça passada (19/5) nos EUA, conquistou elogios rasgados da crítica e registrou 1,2 milhões de telespectadores ao vivo. O número representa a segunda maior audiência de lançamento de uma série da CW desde “Batwoman” (1,9 milhão) no ano passado.
A diferença é que “Stargirl” não era exatamente inédita e tem muito mais público não contabilizado, que a assistiu por outra plataforma. Originalmente uma produção da DC Universe, a série foi lançada um dia antes para os assinantes do serviço de streaming da editora de quadrinhos. Além disso, também foi disponibilizada em streaming gratuito do serviço digital da CW.
A soma multiplataformas deve ter superado muito o alcance de “Batwoman”, mas nem a Warner nem a CW revelam o volume de usuários de seus streamings.
De todo modo, não resta dúvida de que se trata de um sucesso de audiência, o que cria um problema caseiro para a Warner, porque “Stargirl” é claramente mais cara que as outras produções de super-heróis da DC exibidas pela CW.
Os dois episódios já disponibilizados nos EUA parecem filmes, com efeitos visuais de qualidade muito superior aos apresentados em “The Flash”, “Supergirl” e “Legends of Tomorrow”, por exemplo.
“Stargirl” tem maior orçamento e melhor acabamento porque foi feita para streaming. Mas acabou sendo exibida em TV aberta.
Os números de audiência inevitavelmente farão a CW querer manter a série em sua grade de programação por mais temporadas. E assim cria-se um dilema. A CW está canibalizando um atração da DC Universe – oferecendo-a até em streaming gratuito – , o que tende a criar atrito entre as diferentes divisões do conglomerado envolvidas no negócio.
Lançar “Stargirl” na TV aberta, um dia depois do streaming, poderia ser apenas uma estratégia da Warner para atrair o público para uma 2ª temporada paga. Por isso, é questionável se a empresa toparia bancar essa 2ª temporada para a CW – uma atração cara, entregue quase de graça para exibição na TV convencional. Será que a CW, que pagou pouco pelos direitos de transmissão – bem menos que os custos de produção – , estaria disposta a bancar a série sem o investimento feito para a DC Universe? E como as séries do Arrowverso lidarão com uma coleguinha glamourosa na programação, que escancara a pobreza de recursos das suas produções?
A série rica tem o mesmo produtor das séries pobres de super-heróis, Greg Berlanti. E isso também pode criar saia justa nos bastidores da Berlanti Prods. O fato de ser conteúdo premium de streaming justificava o maior investimento, só que a exibição na CW acabou com essa divisão.
O projeto foi desenvolvido por Geoff Johns, co-criador de “The Flash”, maior sucesso do Arrowverse. Ele também é, por sinal, o roteirista que criou Stargirl nos quadrinhos da DC.
A trama mostra a origem da personagem-título, uma adolescente que encontra um cetro mágico nas caixas de mudança de sua casa e descobre que seu padrasto escondia um segredo. No passado, ele foi assistente de um antigo super-herói poderoso – o Starman, integrante da Sociedade da Justiça da América, o primeiro grupo de super-heróis da DC Comics, criado em quadrinhos dos anos 1940.
De posse do cetro do Starman, ela resolve virar a Stargirl e enfrentar os responsáveis pelas mortes dos heróis clássicos: a Sociedade da Injustiça. Vale considerar que, nos quadrinhos, essa história é bem mais complicada. Mas a proposta da série é simplificar tudo ao máximo, para se focar na diversão que é ganhar super-poderes na adolescência.
O clima lúdico, praticamente spielberguiano da atração, encantou a crítica. Extremamente bem-feita, a série também foi sucesso nas avaliações da imprensa americana, atingindo 93% de aprovação no site Rotten Tomatoes.
Com destaque para a jovem Brec Bassinger (“Medo Profundo: O Segundo Ataque”) como Courtney Whitmore/Stargirl e o veterano Luke Wilson (do clássico “Legalmente Loira”) como seu padrasto Pat Dugan/Listrado/F.A.I.X.A., o elenco também inclui Amy Smart (“Efeito Borboleta”) como Barbara Whitmore, a mãe da heroína, Joel McHale (“Community”) como Starman, além de Christopher James Baker (“True Detective”), Joy Osmanski (“Santa Clarita Diet”), Neil Hopkins (“Matador”), Nelson Lee (“Blade: The Series”), Joe Knezevich (“A Mula”) e Neil Jackson (“Absentia”) como os supervilões Onda Mental, Tigresa, Mestre dos Esportes, Rei Dragão, O Mago e Geada, integrantes da Sociedade da Injustiça.