Patricia Bosworth, atriz e cronista da Era de Ouro de Hollywood, morreu na quinta-feira passada (2/4) de complicações relacionadas ao novo coronavírus. Ela tinha 86 anos.
Nascida Patricia Crum, na Califórnia, era filha de um advogado e uma repórter/romancista de crimes, e teve uma vida dramática do começo ao fim. Enquanto cursava a universidade Sarah Lawrence, fugiu com uma estudante de arte que a abusou, levando à anulação de seu casamento após 16 meses. Seu irmão mais novo se suicidou e seu pai faria o mesmo seis anos depois.
Ela virou modelo e foi fotografada pela célebre Diane Arbus para um anúncio de ônibus da empresa Greyhound. E graças a esse trabalho conseguiu realizar seu sonho de infância, tornando-se atriz em 1954.
Bosworth ingressou no Actors Studio em Nova York, estudando com Lee Strasberg e ao lado de muitos dos grandes artistas da Era de Ouro de Hollywood, incluindo Paul Newman, Marilyn Monroe, Steve McQueen e Jane Fonda.
Em meados dos anos 1950, começou a aparecer em várias produções da Broadway, fazendo rapidamente sua transição para as telas.
Após estrear no cinema com “Quatro Rapazes e um Revólver” (1957), ela foi escalada em seu principal papel, como uma freira ao lado de Audrey Hepburn no clássico de Fred Zinnemann “Uma Cruz à Beira do Abismo” (1959).
A sequência de tragédias de sua vida a acompanhou mesmo neste auge da carreira. No mesmo dia em que foi escalada para o longa de 1959, Bosworth soube que estava grávida e pagou para ter um aborto ilegal, para não perder o papel. Ela nunca mais engravidou.
Seus últimos trabalhos como atriz foi em séries de TV, entre elas “Cidade Nua” e “The Patty Duke Show”, entre 1960 e 1963.
Na década de 1960, decidiu deixar de atuar para se concentrar no jornalismo, passando a escrever sobre o show business. Escreveu para a revista New York e o jornal The New York Times antes de se tornar, durante as décadas seguintes, editora das revistas Screen Stars, Harper’s Bazaar, Viva, Mirabella e, principalmente, da Vanity Fair, onde Tina Brown a contratou como editora colaboradora em 1984. Ela manteve essa posição pelo resto da vida, com uma breve interrupção entre 1991 e 1997.
Seus artigos permaneceram por décadas entre os mais lidos e discutidos da Vanity Fair, com destaque para um perfil de Elia Kazan que lhe rendeu o Prêmio Front Page do Newswomen’s Club de New York.
Ela também escreveu biografias best-sellers de Montgomery Clift, Diane Arbus, Marlon Brando e Jane Fonda, além de vários livros de memórias.
Seu livro sobre Arbus serviu de base para o roteiro do filme “A Pele” (2006), estrelado por Nicole Kidman e Robert Downey Jr.