A cineasta Dee Rees, indicada ao Oscar por “Mudbound” (2017), vai filmar uma nova versão de “Porgy & Bess”, musical clássico de George Gershwin, levado famosamente ao cinema em 1959 com Sydney Poitier e Dorothy Dandridge nos papéis principais.
Rees escreverá e dirigirá a nova versão do musical, que acompanha Porgy, um mendigo negro de rua que vive nas favelas de Charleston, enquanto tenta resgatar Bess de um amor violento e seu traficante de drogas.
A ópera moderna de Gershwin já era uma adaptação – da peça “Porgy”, do casal Dorothy e DuBose Heyward, que por sua vez também se baseava em outra obra, o romance homônimo de DuBose Heyward, publicado em 1925.
A versão de Gershwin foi apresentada pela primeira vez em 1935 como a primeira ópera jazz dos EUA e representou um marco racial ao levar à Broadway um elenco inteiramente negro. Mesmo assim foi acusada de racismo, por apresentar apenas estereótipos negativos da população negra – drogados, miseráveis e violentos. O aval de Duke Ellington para seu revival nos anos 1950 e várias revisões de ponto de vista, mudaram a percepção do público, para melhor ou pior, conforme a passagem das décadas. A aceitação definitiva só veio após os anos 1970, apaziguando uma fase mais aguda de crítica racial motivada pelo movimento dos direitos civis americanos, e coincidindo com o surgimento do rap, que passou a retratar universo similar em suas letras.
A contribuição de Gershwin para a história de Heyward fez História também por render uma das canções mais populares de todos os tempos: “Summertime”, gravada por artistas tão diferentes quanto Sam Cooke, Ella Fitzgerald, Miles Davis, Janis Joplin e a banda Fun Boy Three, entre outros 25 mil intérpretes conhecidos. E este nem foi o único hit eternizado pela produção, como comprova “It Ain’t Necessarily So”, gravado por Aretha Franklyn, Louis Armstrong, Sting e a banda Bronski Beat, numa lista igualmente longa de cantores, ou “My Man’s Gone Now”, em gravações de Nina Simone, Bill Evans, Sinéad O’Connor, a banda The Gun Club, etc.
A MGM está por trás da nova adaptação, que pela primeira vez contará com uma diretora e roteirista negra para guiar a história – o filme de 1959 foi comandado pelo famoso diretor Otto Preminger.
Ainda não há cronograma de filmagem ou previsão de estreia para o filme, já que Dee Rees está atualmente envolvida com a promoção de seu novo longa, “A Última Coisa que Ele Queria” (2020). O thriller estrelado por Ben Affleck e Anne Hathaway teve première mundial no Festival de Sundance, em janeiro, e chega na Netflix na próxima sexta-feira (21/2).