O grande filme de Marco Tullio Giordana, “A Melhor Juventude” (La Meglio Giuventú), de 2006, finalmente chega aos cinemas brasileiros, dividido em duas partes. Conta a história de uma família em que dois irmãos vivem juntos e separados em momentos da história recente da Itália, dos anos 1960 aos 2000. Vão a Roma, passam pelas origens em Ravena, estudam em Bolonha, se encontram em Florença em plena cheia que castigou a cidade, em eventos de radicalismo político e repressão em Turim, nos julgamentos de Milão, na máfia siciliana, em Palermo, onde também se dá o assassinato do juiz Giovanni Falcone e outros, no tempo da Brigada Vermelha, e por todos os cantos, ao longo desse período contemporâneo italiano.
Uma jovem com problemas mentais compõe o trio de protagonistas, o que permite discutir o descalabro dos hospitais psiquiátricos e a revolução promovida por Basaglia no mundo, a partir da Itália.
A costura dos fatos e personagens é muito bem feita, a filmagem exala humanidade, afeto e compreensão, em meio aos inevitáveis conflitos da vida, desencontros amorosos e familiares. Recheada por ótimos atores de um elenco jovem e música da mais alta qualidade, e não só italiana. Vai de Dinah Washington a Cesária Évora. Todos perseguem seus sonhos, se iludem, se magoam e seguem em frente, na busca incessante por uma vida que possa ser melhor.
É um dos grandes filmes do cinema italiano de todos os tempos. Grande na qualidade e também no tamanho. São 6 horas de duração, por isso as sessões estão sendo divididas em duas, de 3 horas cada uma. Talvez você diga: nem pensar! E não tente. Se você disser: vou ver só a primeira parte para conferir como é, eu lhe garanto, você não vai querer perder a segunda parte, por nada desse mundo. E se chegar ao final da saga vai sentir um gosto de que ainda queria mais.