A Netflix revelou pela primeira vez dados bem detalhados de seu alcance fora do território dos Estados Unidos. Com o objetivo de convencer seus investidores sobre o potencial de crescimento que possui em diversos mercados internacionais, a plataforma confirmou que, atualmente, possui 90 milhões de assinantes fora dos EUA (no território americano, o número de clientes é 60 milhões).
De acordo com os dados da companhia, a Netflix possui, atualmente 29 milhões de assinantes em território latino-americano.
Não parece muito, diante dos números da audiência televisiva na região. Mas é crescente. O registro é praticamente o dobro do divulgado pela empresa em 2017.
Outro dado importante é que, embora não especifique isoladamente a quantidade de assinantes por país, o desempenho da Netflix na América Latina é impulsionado, sobretudo, pelos serviços sediados no Brasil e no México.
Entretanto, esse crescimento não é acompanhado por grande aumento de arrecadação. A América Latina é a região que gera a menor receita para a Netflix, devido à desvalorização da moeda de seus países frente ao dólar. Com isso, as assinaturas latinas giram em torno de US$ 8,21 por mês, em média, enquanto nos Estados Unidos e no Canadá o preço está em US$ 12,36. Esta desvalorização fez com que o faturamento anual ficasse em US$ 2 bilhões em 2019, superior em apenas US$ 300 mil ao valor de 2017, apurado com quase metade da quantidade dos assinantes atuais.
No resto do mundo, a região que abrange Europa, Oriente Médio e África concentra a maior quantidade de assinantes, o que é inevitável quando se juntam três continentes. São 47 milhões de assinantes nesses territórios.
Já a região que registra o crescimento mais rápido e em maior número de assinaturas é a Ásia-Pacífico, cujo número de clientes triplicou desde 2017. Paradoxalmente, ela também representa o menor mercado da Netflix no mundo, com 14 milhões de asiáticos atendidos – cerca de 9% do total de assinantes da plataforma.
A reação do mercado para a liberação dessas informações não foi de muito entusiasmo. A avaliação é que a Netflix decidiu abrir dados sigilosos para mostrar que, apesar do cenário mais competitivo que encontra nos EUA, ainda possui potencial de crescimento no exterior.
Além de ser o país com crescimento mais lento da Netflix, os Estados Unidos também registram, pela primeira vez, um recuo na base de assinantes do serviço: 126 mil pessoas cancelaram o serviço no segundo trimestre do ano. Isto acontece em meio ao aumento na quantidade de oferta em serviços rivais – Disney+ (Disney Plus) e Apple TV+ foram lançados neste período – , uma tendência que só irá aumentar em 2020.
A Netflix ainda aponta que o sucesso de sua expansão internacional pode ser creditada à boa aceitação de séries e projetos de conteúdo de língua não-inglesa. O maior exemplo é a série “La Casa de Papel”, que se tornou muito popular em todo mundo, não apenas na Espanha, seu país original. Para a empresa, este ainda é seu grande diferencial para continuar crescendo, diante da concorrência com serviços que só oferecem atrações americanas.