Realizado pela primeira vez em São Paulo, a premiação da ABC (Academia Brasileira de Cinema) consagrou “Benzinho”, de Gustavo Pizzi, como principal vencedor da noite. Foram, ao todo, seis prêmios. Além de Melhor Filme, o longa venceu as categorias de Direção, Atriz (Karine Teles), Atriz Coadjuvante (Adriana Esteves), Roteiro Original e Montagem de Ficção.
Com igual número de troféus, “O Grande Circo Místico”, de Cacá Diegues, dominou os prêmios técnicos: Fotografia, Roteiro Adaptado, Direção de Arte, Figurino, Maquiagem e Efeito Visual.
A ironia é que, na hora de indicar o candidato brasileiro ao Oscar, a mesma ABC ignorou “Benzinho”, que tem 94% de aprovação no Rotten Tomatoes e foi premiado em vários festivais, e preferiu “O Grande Circo Místico”, que foi destruído pela crítica internacional e conquistou na noite de quarta (14/8) os primeiros prêmios de sua trajetória.
A vitória do filme de Gustavo Pizzi demonstra que arrependimento não mata, mas rende um karma forte.
Terceiro filme mais premiado da noite, “Chacrinha: O Velho Guerreiro” venceu a Votação Popular, além das categorias de Melhor Ator (Stepan Nercessian) e Som.
A cerimônia do chamado Grande Prêmio do Cinema Brasileiro foi marcada por protestos contra o governo e por discursos em defesa do audiovisual brasileiro, numa reação ao tratamento dado por Jair Bolsonaro ao cinema nacional. O presidente cortou verbas e não perde a oportunidade de falar mal dos filmes feitos no país.
“Mesmo com um cenário positivo para o cinema brasileiro, com filmes sendo premiados em Cannes e com nossos cineastas recebendo convites para a Academia de Hollywood, estamos sob ataque. E, quando se ameaça a nossa existência como setor, ameaça-se a identidade cultural. É preciso manter a serenidade e o trabalho que está sendo feito”, disse Jorge Peregrino, presidente da Academia Brasileira de Cinema, em seu discurso de abertura da cerimônia, que foi acompanhado por vários gritos de protesto contra o presidente Bolsonaro vindos da plateia.
Até o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, reafirmou a intenção de seu governo de aumentar o investimento no cinema e rebateu afirmação de Bolsonaro de que a produção precisa de “filtros”. “Não se pode admitir qualquer tipo de filtro (no cinema brasileiro). Até porque filtro em Cultura tem nome, e é censura”, disse ele, arrancando aplausos.
Ao receber um dos prêmios de “O Grande Circo Místico”, o veterano diretor do filme, Cacá Diegues, disse que o cinema feito no país não pode refletir o gosto de uma pessoa apenas e deu seu testemunho de resistência. “Ninguém vai conseguir acabar com o cinema brasileiro. Eu tenho 57 anos de carreira cinematográfica e vivi momentos muito piores do que este. E estou aqui”.
Confira abaixo todos os premiados da ABC.
PRÊMIOS DA ACADEMIA
Melhor Longa-Metragem de Ficção
Benzinho
Melhor Longa-Metragem Documentário
Ex Pajé
Melhor Longa-Metragem Infantil
Detetives do Prédio Azul 2 – O Mistério Italiano
Melhor Longa-Metragem Comédia
Minha Vida em Marte
Melhor Direção
Gustavo Pizzi, por Benzinho
Melhor Atriz
Karine Teles, por Benzinho
Melhor Ator
Stepan Nercessian, por Chacrinha: O Velho Guerreiro
Melhor Atriz Coadjuvante
Adriana Esteves, por Benzinho
Melhor Ator Coadjuvante
Matheus Nachtergaele, por O Nome da Morte
Melhor Direção de Fotografia
Gustavo Hadba, por O Grande Circo Místico
Melhor Roteiro Original
Karine Teles e Gustavo Pizzi, por Benzinho
Melhor Roteiro Adaptado
Carlos Dieges e George Moura, por O Grande Circo Místico
Melhor Direção de Arte
Artur Pinheiro, por O Grande Circo Místico
Melhor Figurino
Kika Lopez, por O Grande Circo Místico
Melhor Maquiagem
Catherine LeBlanc Caraes e Emmanuelle Fèvre, por O Grande Circo Místico
Melhor Efeito Visual
Marcelo Siqueira e Thierry Delobel, por O Grande Circo Místico
Melhor Montagem em Ficção
Livia Serpa, por Benzinho
Melhor Montagem em Documentário
Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira, por Todos os Paulos do Mundo
Melhor Som
Christophe Penchenat, Simone Petrillo e Emmanuel Croset, por O Grande Circo Místico
Melhor Trilha Sonora Original
Elza Soaes e Alexandre Martins, por My Name is Now, Elza Soares
Melhor Trilha Sonora
Zeca Baleiro, por Paraiso Perdido
Melhor Longa-Metragem Estrangeiro
Infiltrado na Klan
Melhor Longa-Metragem Ibero-americano
Uma Noite de 12 Anos (Argentina, Espanha, Uruguai)
Melhor Curta-Metragem de Animação
Lé Com Cré
Melhor Curta-Metragem Documentário
Cor de Pele
Melhor Curta-Metragem de Ficção
O Órfão
Melhor Série Brasileira de Animação
Irmão do Jorel
Melhor Série Brasileira Documentário
Inhotim
Melhor Série Brasileira de Ficção
Escola de Gênios
PRÊMIOS DO PÚBLICO
Melhor Longa-Metragem de Ficção
Chacrinha: O Velho Guerreiro
Melhor Longa-Metragem Documentário
My Name is Now, Elza Soares
Melhor Longa-Metragem Estrangeiro
Nasce uma Estrela
Melhor Longa-Metragem Ibero-americano
Uma Noite de 12 Anos (Argentina, Espanha, Uruguai)