O ator Michael J. Fox admitiu que passa por uma fase difícil na sua luta de quase 30 anos contra o Mal de Parkinson, doença degenerativa que o aflige desde 1991. Em entrevista ao jornal The New York Times, o astro da inesquecível trilogia “De Volta ao Futuro” revelou que precisou passar por uma recente cirurgia na coluna.
“Eu estava tendo um problema recorrente com a minha espinha dorsal”, confessou. “Os médicos diziam que era benigno, mas que eu poderia ficar com as pernas dormentes se ficasse muito tempo parado. Eu comecei a cair o tempo todo – estava ficando ridículo”.
“Eu estava tentando entender quanto do problema tinha a ver com o Parkinson e quanto tinha a ver com a minha espinha, mas a coisa chegou em um ponto no qual eu precisei fazer cirurgia. Fiz, e depois fiz muita fisioterapia”, continuou.
“Eventualmente, alguém me chamou para atuar em um projeto. Era agosto do ano passado, e eu aceitei. Acordei no dia que ia voltar ao trabalho, fui até a cozinha tomar café da manhã, pisei em falso e caí. Fraturei o braço, coloquei uma placa e 19 pinos”, completou.
Otimismo demais?
O ator admitiu ainda que talvez tenha sido, no passado, otimista demais em relação a sua doença. “Eu tinha expectativas muito altas, e consegui fazer muita coisa por isso. Também tive que aguentar as consequências, e acho que não me abri tanto sobre isso com o público”, confessou.
Agora, Fox está trabalhando em um novo livro, no qual aborda o tema de equilibrar otimismo e realismo. “Foi muito sombrio para mim chegar a um ponto em que me peguei questionando: ‘Será que eu vendi falsa esperança para o meu público?'”, admitiu. “Eu fiz as pazes com a minha doença, mas presumi que os outros teriam a mesma relação com ela. Eles não têm. Quando comecei a lidar com os efeitos da cirurgia na coluna, percebi: ‘Uau, isso aqui pode ser muito pior do que eu imaginava'”.
Isto não significa que Fox tenha desistida da possibilidade de uma cura, e a fundação começada por ele trabalha incansavelmente neste sentido. “Há um novo remédio que foi aprovado recentemente”, revelou. “Ele ajuda principalmente quando o Parkinson te faz ‘congelar’, te deixa sem a capacidade de se mexer”.
Por fim, o ator comentou sobre a relação entre a sua fundação e o governo norte-americano, agora comandado por Donald Trump. “Nós temos um relacionamento que funciona, na maior parte do tempo”, disse, antes de demonstrar contrariedade com o presidente. “No entanto, uma coisa que realmente me deixou bravo foi quando ele tirou sarro daquele repórter. Aquilo foi uma facada no estômago”, lembrou, referindo-se ao incidente da campanha eleitoral de 2015, em que Trump fez piada com um jornalista deficiente do The New York Times.
“Não foi uma facada no estômago só para mim, mas para as pessoas que eu conheço e com quem trabalho. Nós tentamos o tempo todo superar a aversão que as pessoas sentem de alguém que se move diferente delas”, apontou Fox.
“Quando ouvi a notícia, pensei: ‘Será que digo algo em resposta?’. Mas depois pensei: ‘As pessoas já sabem que Trump é um m**da'”, completou.