Peter Tork (1942 – 2019)

O músico e ator Peter Tork, que ficou conhecido como integrante da banda The Monkees, morreu nesta quinta (21/2), aos 77 anos. Baixista e vocalista dos Monkees, Tork foi diagnosticado em 2009 […]

O músico e ator Peter Tork, que ficou conhecido como integrante da banda The Monkees, morreu nesta quinta (21/2), aos 77 anos. Baixista e vocalista dos Monkees, Tork foi diagnosticado em 2009 com um carcinoma que afetou sua língua, mas não há informações se este mal teve relação com a morte.

Banda criada especificamente para estrelar uma série de televisão, os Monkees chegaram a rivalizar com os Beatles e os Rolling Stones no final dos anos 1960. A formação artificial aconteceu por meio de testes realizados com centenas de jovens, pelo produtor Bob Rafelson e seu sócio Bert Schneider (futuro produtor de “Easy Rider”), que queriam lançar um programa inspirado nos filmes dos Beatles “Os Reis do Iê-Iê-Iê” (A Hard Day’s Night, 1964) e “Help!” (1965).

Os jovens escolhidos foram Peter Tork, Davy Jones, Mike Nesmith e Micky Dolenz, graças à boa aparência, afinação e capacidade de tocar instrumentos. Tork foi o último escolhido. Ele vinha tocando na cena folk de Greenwich Village e soube dos testes por meio de Stephen Stills (de Crosby, Stills, Nash & Young), que Rafelson e Schneider já tinham rejeitado no programa.

Lançada em 1966, a série acompanhava uma banda fictícia que, quando não estava nos palcos, se metia em aventuras completamente nonsense. O sucesso foi instantâneo – de público, não de crítica.

Músicos e críticos de rock ridicularizaram o fenômeno, acusando os atores de serem mímicos, fingindo que tocavam na série, já que os instrumentos eram gravados por profissionais. Ainda assim, músicas como “I’m a Believer” e “Daydream Believer” alcançaram o topo das paradas.

A própria banda reagiu mal ao ver seu primeiro álbum estourar nas paradas de sucesso. Os quatro ficaram furiosos por a série ter cruzado uma fronteira perigosa, já que eles foram contratados como atores e o disco com a trilha sonora tinha saído como se fossem uma banda real, sem créditos para quem realmente tocou. A partir daí, decidiram assumir o controle dos rumos do programa, o que gerou uma crise, com demissão do supervisor musical – Don Kirshner, que depois estouraria as músicas da série animada “Os Archies”.

Os Monkees decidiram tocar todas as músicas dali para frente. E, para deixar bem claro, o último episódio da 1ª temporada foi “The Monkees on Tour”, com imagens gravadas em shows da banda, mostrando que eles eram músicos de verdade.

A série durou dois anos e conquistou dois Emmys (Melhor Série de Comédia e de Direção). Mas o mais interessante é que seu cancelamento apenas fortaleceu a carreira musical verdadeira da banda. Isto é, os artistas se uniram após o final da produção televisiva, transformando de vez a banda fictícia num atração do mundo real, graças à disposição em fazer mais shows e lançar mais discos.

Com o fim da série, eles também passaram a compor seu próprio repertório – que até então era criado por compositores contratados. E o resultado surpreendeu até quem minimizava seus talentos. Os discos “Headquarters” (1967) e “Pisces, Aquarius, Capricorn & Jones” (1968) foram considerados os melhores da carreira da banda. E “Headquarters” ainda conseguiu uma façanha, ao atingir o 1º lugar da parada de sucessos sem render singles.

Nesta época, eles também chegaram a ter seu próprio longa-metragem, “Os Monkees Estão Soltos” (Head, de 1968), co-escrito pelo ator Jack Nicholson e dirigido por Rafelson, em sua estreia como cineasta – depois, faria clássicos como “Cada um Vive como Quer” (1970) e “O Destino Bate à sua Porta” (1981).

O filme virou cult e a rede NBC ainda produziu um telefilme da banda em 1969, “33⅓ Revolutions Per Monkee”. Mas a falta de hits, motivada pela necessidade de provar seus próprios talentos, acabou criando atrito entre os integrantes. Desentendimentos forçaram a saída de Tork em 1968 e, um ano depois, o guitarrista Michael Nesmith também largou o grupo.

The Monkees foi dissolvido oficialmente no início dos anos 1970, mas voltou à moda no final dos anos 1980, com o surgimento da MTV, que reprisou a série e despertou interesse sobre a banda entre uma nova geração. Pouco a pouco, os músicos ensaiaram um reencontro, até que, nos anos 1990, voltaram a se reunir, resultando no especial para TV “Hey, Hey, É o Monkees” (Hey, Hey, It’s the Monkees, 1997).

Houve um novo encontro em 2001 e outro em 2011.

Eles tinham muitos fãs famosos, inclusive entre roqueiros inesperados, como John Lennon, que os chamava de “os irmãos Marx do rock”, Frank Zappa, que participou de seu longa-metragem, e até Sid Vicious, que tocou uma música da banda nos pouco shows que realizou após sair dos Sex Pistols.

Tork se manteve ativo na música, acompanhando outros artistas e também à frente de sua própria banda. E desde os anos 1990 tinha voltado a aparecer na TV, em breves participações nas séries “O Mundo É dos Jovens” (Boy Meets World), “O Rei do Queens” (The King of Queens) e “Sétimo Céu” (7th Heaven).

Ele foi o segundo integrante da banda a morrer. O cantor Davy Jones faleceu aos 66 anos em 2012, após um ataque cardíaco.