Novo filme de Liam Neeson é adiado no Brasil após entrevista polêmica

A desastrosa entrevista de Liam Neeson da semana passada, em que confessou já ter tido desejo “de matar um homem negro” após uma amiga ser estuprada, repercutiu no Brasil. Com estreia marcada […]

A desastrosa entrevista de Liam Neeson da semana passada, em que confessou já ter tido desejo “de matar um homem negro” após uma amiga ser estuprada, repercutiu no Brasil. Com estreia marcada para a próxima quinta-feira (14/2), o novo filme do ator, “Vingança a Sangue Frio”, teve seu lançamento nacional adiado para o dia 14 de março.

A distribuidora citou nominalmente a “repercussão da entrevista” como uma das razões para a medida.

“Com a repercussão da entrevista do ator Liam Neeson, a distribuidora optou pela alteração da data de lançamento. A mudança também visou privilegiar a estreia do nacional ‘Minha Fama de Mau’, que cresceu muito nas últimas semanas e chega aos cinemas nesta quinta, numa janela menos competitiva. ‘Vingança a Sangue Frio’ abriu nos Estados Unidos dentro das expectativas do mercado e será lançado no Brasil no dia 14 de março”, diz o comunicado da Paris Filmes.

Entretanto, ao contrário do que afirma o comunicado, o filme sofreu forte impacto negativo nas bilheterias norte-americanas, após a confissão de Neeson. “Vingança a Sangue Frio” registrou uma das piores estreia da carreira do astro – a pior desde 2010 nos Estados Unidos.

A declaração do ator de 66 anos foi feita durante a divulgação do filme, ao ser questionado pelo jornal britânico The Independent sobre uma possível identificação com seu personagem, um homem buscando vingança pela morte de seu filho. Neeson, então, revelou que, na juventude, chegou a passar uma semana andando pelas ruas com um bastão a procura de um homem negro para matar depois que uma mulher próxima a ele foi estuprada por alguém que ela disse ser negro.

“Ela lidou com a situação do estupro de forma extraordinária”, disse Neeson sobre o episódio. “Mas minha reação imediata foi: ela sabia quem era? Não. Qual era a cor dele? Ela disse que era uma pessoa negra. Eu subia e descia as ruas com um bastão, na esperança de esbarrar com alguém. Tenho vergonha de contar isso hoje, mas fiz por talvez uma semana, esperando que algum negro desgraçado saísse de um pub e arrumasse confusão comigo por qualquer motivo, sabe? Para que eu pudesse matá-lo.”

A confissão gerou críticas e acusações de racismo. O ator foi ao programa televisivo “Good Morning America”, apresentado por Robin Roberts, que é negra, para respondê-las. “Realmente fiquei chocado por esse desejo primal que tive. Procurei ajuda. Procurei um padre, me confessei, eu era muito católico. Eu tinha dois grandes amigos com quem conversei para me livrar disso. Eu não sou racista, isso foi há quase 40 anos”, afirmou, acrescentando que teria a mesma reação se a mulher tivesse respondido que o homem era branco.

Neeson ainda ressaltou que contou o episódio como uma parábola sobre a inutilidade de buscar vingança, lembrando que ele cresceu em meio aos conflitos na Irlanda do Norte.

A maior ironia sobre os problemas que isso trouxe ao longa, remake do suspense nórdico “O Cidadão do Ano” (2014), é que “Vingança a Sangue Frio” foi considerado um dos melhores thrillers da fase vingativa de Neeson – isto é, desde “Busca Implacável” (2008) – , com 74% de aprovação na média da crítica computada pelo site Rotten Tomatoes.