A cantora Daniela Mercury lançou o clipe de “Proibido o Carnaval”, em que canta e dança com Caetano Veloso a favor da diversidade em tempos conservadores.
Misturando ritmos e batidas, a marchinha de samba-frevo-axé-eletrônico celebra a liberdade sexual, que costuma ser exaltada no período do carnaval, ao mesmo tempo que impõe limites feministas às mãos bobas. A maioria das frases, porém, valoriza o orgulho gay. “Abra a porta deste armário/Que não tem censura pra me segurar”, diz a letra, embora o refrão afirme o contrário: “Tá proibido o Carnaval/Neste país tropical”.
A narrativa é realmente errática, mas este é o país das idas e vindas. Quando se acha que o futuro finalmente vai chegar, o povo resolve eleger o atraso. Como demonstra a indagação da letra: “Vai de rosa ou vai de azul?”, em referência à ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, que manifestou seu desejo de acabar com a homossexualidade no pais – “Menino veste azul e menina veste rosa”…
Nos créditos finais, Daniela ainda homenageia Jean Wyllys, deputado federal do PSOL engajado na luta pelos direitos LGBTQ+, que deixou o cargo e o país após sofrer ameaças de morte.
Trata-se de outro contraste com o tom de deboche do clipe dirigido por Jana Leite, que sugere rir sobre um tema que inspira o contrário: vontade de chorar.