Coprodução franco-israelense “imperdível” vence o Festival de Berlim 2019

A organização do Festival de Berlim 2019 anunciou os vencedores de sua competição oficial. E o júri liderado pela atriz francesa Juliette Binoche (“Acima das Nuvens”) escolheu a coprodução franco-israelense “Synonymes”, do […]

A organização do Festival de Berlim 2019 anunciou os vencedores de sua competição oficial. E o júri liderado pela atriz francesa Juliette Binoche (“Acima das Nuvens”) escolheu a coprodução franco-israelense “Synonymes”, do diretor Nadav Lapid, como o Melhor Filme, vencedor do troféu Urso de Ouro.

Classificado como “imperdível” (aspas do IndieWire) pela crítica presente no festival, “Synonymes” gira em torno de um imigrante israelense que vive em Paris, tentando se integrar o máximo possível à França, a ponto de andar com um dicionário para recitar palavras francesas em voz alta pelas ruas. Ele está decidido a abandonar sua língua e sua cultura, até que descobre aspectos pouco agradáveis de seu novo país. A performance do ator Tom Mercier no papel principal chegou a ser comparada a de um jovem Tom Hardy (“Venom”) pela revista The Hollywood Reporter.

A trama é inspirada na trajetória do próprio diretor Navad Lapid, que se mudou para a capital francesa no começo dos anos 2000, e, segundo ele, “fala de ser israelense em um momento em que não é possível sê-lo”. “Acho que Israel é um país que exige de você um amor absoluto, total, sem concessões. E quando alguém rejeita esse amor, vai parar no outro extremo, no ódio total”, o cineasta disse à imprensa, na entrevista coletiva após se consagrar vencedor do festival.

O cineasta francês François Ozon ficou com o Prêmio do Júri, considerado o 2º lugar, por seu filme “Grâce à Dieu”, que enfrenta dificuldades para ser exibido comercialmente. Dramatização de um escândalo de pedofilia da Igreja Católica na França, o filme sofreu um processo do arcebispo de Lyon, cardeal Philippe Barbarin, que tenta impedir o lançamento nos cinemas. A objeção se dá por o filme retratar Barbarin como pedófilo, antes das acusações que pesam contra ele serem julgadas na justiça.

O troféu de Melhor Direção ficou com uma mulher, reforçando a importância da participação cada vez maior de cineastas femininas no evento. A vencedora foi a alemã Angela Schanelec, por “I Was at Home, But”, 10º longa de uma carreira prolífica – ela também é atriz.

Já os prêmios de interpretação ficaram com Yong Mei e Wang Jingchun, protagonistas do drama chinês “So Long, My Son”, do diretor Wang Xiaoshuai.

Confira abaixo a lista completa dos vencedores da mostra competitiva principal.

Urso de Ouro – Melhor Filme
“Synonymes”, de Nadav Lapid

Urso de Prata – Prêmio do Júri
“Grâce à Dieu”, de François Ozon

Urso de Prata – Prêmio Alfred Bauer (Revelação)
“System Crasher”, de Nora Fingscheid

Urso de Prata – Melhor Direção
Angela Schanelec, por “I Was at Home, But”

Urso de Prata – Melhor Atriz
Yong Mei, em “So Long, My Son”

Urso de Prata – Melhor Ator
Wang Jingchun, em “So Long, My Son”

Urso de Prata – Melhor Roteiro
Maurizio Braucci, Claudio Giovannesi e Roberto Saviano, por “Piranhas”

Urso de Prata – Contribuição Artística
Rasmus Videbæk, pela fotografia de “Out Stealing Horses”

Urso de Ouro – Melhor Curta
“Umbra”, de Florian Fischer e Johannes Krell

Urso de Prata – Prêmio do Júri de Curtas
“Blue Boy”, de Manuel Abramovich

Melhor Documentário
“Talking About Trees”, de Suhaib Gasmelbari

Melhor Filme de Estreia
“Oray”, de Mehmet Akif Büyükatalay