O ator Peter Dinklage aproveitou uma entrevista com a revista Entertainment Weekly sobre seu novo filme, “My Dinner with Hervé”, para corrigir a desinformação que transformou sua escalação como Hervé Villechaize, o famoso intérprete do anão Tattoo na série “Ilha da Fantasia”, numa polêmica.
O astro da série “Game of Thrones” sofreu críticas por ter aceitado viver uma pessoa supostamente asiática na produção da HBO. Mas este patrulhamento politicamente correto é, na verdade, o oposto de correto, porque parte de uma suposição preconceituosa, baseada na aparência física de Villechaize, que teve as feições alteradas pelo nanismo.
“A internet é uma coisa incrível e horrorosa. O engraçado é que, no nosso filme, nós abordamos esse tema de não julgar um livro por sua capa. Hervé foi julgado por sua aparência, escalado para filmes e percebido de certa forma”, comentou Dinklage.
“Na Wikipédia, está escrito que Hervé era metade filipino. Membros da família dele nunca se importaram em mudar essa informação lá”, continuou o ator. “Por muito tempo, a Wikipédia dizia que o nome da minha filha era ‘Zelig’, e não é. Qualquer um é capaz de colocar uma informação lá”.
“Eu entendo completamente que exista a preocupação com o ‘whitewashing’ [prática de escalar atores brancos para papéis ‘de cor’], mas Hervé não era filipino. O nanismo afeta as pessoas de maneiras diferentes. Eu tenho um tipo bem diferente de nanismo do que o de Hervé. Eu conheci membros de sua família, o irmão dele, e Hervé era de origem francesa, alemã e britânica”, explicou.
“Eu não sei porque as pessoas acham que ele era filipino. Eles não têm a informação correta. Eu não quero interferir no senso de justiça de ninguém, porque me sinto da mesma forma quando algo assim acontece”, prosseguiu. “Mas o que acontece é que essas pessoas acham que estão fazendo a coisa certa política e moralmente, mas não estão – elas estão presumindo a ascendência de Hervé baseados em sua aparência”.
Em “My Dinner with Hervé”, Dinklage interpreta Villechaize em 1993, seu último ano de vida, muito depois do auge de sua fama. O longa reconta um período de três dias que o ator passou com o jornalista Sacha Gervasi (vivido por Jamie Dornan, de “Cinquenta Tons de Cinza”), numa conversa que seria sua última entrevista. Com dificuldades para encontrar emprego após o fim da série clássica, ele se matou dez anos depois do final da “Ilha da Fantasia”, aos 50 anos de idade.
O filme é dirigido e escrito pelo próprio Gervasi, que virou cineasta (dirigiu “Hitchcock”, “O Terminal” e outros).
A estreia está marcada para 20 de outubro no canal pago HBO nos Estados Unidos, mas a transmissão ainda não foi programada no Brasil.