A diretora chinesa Chloé Zhao foi escolhida pela Marvel para comandar “Eternos” (The Eternals), um dos filmes “cósmicos” que o estúdio prepara para a sua misteriosa Fase 4.
Nascida em Pequim, Zhao passou sua adolescência em Londres e estudou cinema nos Estados Unidos, onde mora atualmente. Sua filmografia consiste de dois filmes indies muito elogiados pela crítica, os dramas “Songs My Brothers Taught Me” (2015) e “The Rider” (2017), ambos exibidos no Festival de Cannes, premiados no circuito internacional e inéditos no Brasil.
Ela é a terceira mulher contratada para comandar um filme da Marvel, após Anna Boden compartilhar a direção de “Capitã Marvel” com o marido, Ryan Fleck, e Cate Shortland (“A Síndrome de Berlim”) ser selecionada para “Viúva Negra”. E, curiosamente, será a segunda chinesa a dirigir um filme de super-heróis, após a Warner anunciar Cathy Yan (“Dead Pigs”) à frente de “Aves de Rapina”, o filme que mistura super-heroínas e Arlequina.
A próxima fase dos filmes da Marvel, que terá início após a estreia de “Vingadores 4”, em maio de 2019, está sendo cercada de segredos, situação que foi reforçada após a demissão de James Gunn de “Guardiões da Galáxia Vol. 3”. Os planos originais previam que Gunn supervisionaria uma guinada “cósmica” nas produções da Marvel, revelando novos mundos e personagens dos quadrinhos.
“Eternos” faz parte dessa abordagem. Nos quadrinhos, eles são uma raça de super-humanos, surgidos como um desdobramento da evolução que criou a vida inteligente na Terra. Concebidos pelos alienígenas Celestiais, eram destinados a ser defensores da Terra. Mas algo deu errado, a ponto da experiência gerar ninguém menos que Thanos, que é um desses seres geneticamente evoluídos.
Toda essa história veio da mente febril do mestre Jack Kirby em sua volta à Marvel em 1976, e compartilha algumas semelhanças com os Novos Deuses, que ele próprio criou na DC Comics.
A trajetória original dos personagens ficou sem fim, graças às vendas fracas e uma briga definitiva de Kirby com a editora. E vale a pena considerar que os roteiristas Roy Thomas e Mark Gruenwald tentaram juntar as pontas soltas ao incluir os personagens num arco de Thor, que deveria encerrar a trama.
Entretanto, foi preciso Neil Gaiman (criador de “American Gods”) retomasse os personagens numa minissérie de 2006 para tudo fazer sentido.
Já os responsáveis por juntar todas essas idas, vindas e pontas soltas são outros jovens inexperientes no mundo dos blockbusters, os primos Matthew e Ryan Firpo, que nunca encararam nenhum projeto deste porte. Na verdade, nunca materializaram nenhuma palavra que escreveram nas telas. Mas já escreveram. E, por causa disso, se destacaram na “Black List”, a lista dos melhores roteiros de Hollywood que acabaram não saindo do papel.
A história deles que chamou atenção se chama “Ruin” e gira em torno de um ex-capitão nazista que, para reparar seus crimes, persegue e mata os membros de seu ex-esquadrão. Este projeto vai sair do papel com direção de Justin Kurzel (“Assassin’s Creed”) no ano que vem.
Além disso, os Firpo logo se tornarão conhecidos dos assinantes da Netflix. Eles emplacaram um thriller futurista no serviço de streaming, que venceu grande competição pelos direitos da produção, após despertar interesse de vários estúdios. Trata-se de uma sci-fi, “Mimi from Rio”, passada nas favelas do Rio em um futuro próximo.
Segundo o site The Hollywood Reporter, os Firpo pretendem explorar a história de amor entre Ikaris, um homem movido por energia cósmica, e Sersi, que prefere viver entre os humanos.
O projeto também permitirpa que a Marvel monte um elenco altamente diversificado, com várias etnias e sexualidades.
“Eternos” ainda não tem data de estreia definida.